Às voltas com uma séria retração nas vendas de rações para suínos e aves, por conta da queda da demanda no mercado interno e exporterno, os fabricantes brasileiros de nutrição animal investem com tudo na produção de alimentos para a pecuária de corte. Afinal de contas, além da produção de carne bovina estar engatada em ciclos de desenvolvimento, graças ao uso de tecnologia para o aumento da produtividade, é tempo de confinar. O Grupo M.Cassab, por exemplo, está apostando R$ 15 milhões na construção de uma segunda fábrica de rações, em Campo Grande (MS). O objetivo, segundo Modesto Moreira, diretor de operações de tecnologia animal do grupo, é incrementar as vendas na região Centro-Oeste, além de estreitar relações com clientes em potencial, no Paraguai e Bolívia. “Estamos de olho também na região oeste da Bahia e no sul do Para, já que o País está vivendo uma forte tecnificação na pecuária.” Com a nova fábrica, a capacidade de produção de alimentos para bovinos de corte aumentará 75%, cerca de três mil toneladas, por mês. “Serão produzidos concentrados, rações, suplementos minerais, suplementos minerais proteicos e energéticos, premixes e blends”, diz Moreira. “Teremos capacidade de alimentar 70 milhões de bovinos.” No mercado de nutrição há 20 anos, a M.Cassab conta, ainda, com fábricas que produzem suplementos para ruminantes também no Paraná e São Paulo e, em menor escala, para aves, suínos e peixe. O grupo projeta, com a nova unidade de produção, que vai processar, por mês, cinco mil toneladas de rações, elevar de 15% para 20% as vendas de produtos para a pecuária de corte. A linha Macropac Beef, de núcleos de cálcio e microminerais para mistura de rações é um dos produtos que sairão da nova fábrica, instalada numa área de 30 mil metros quadrados. O faturamento anual em torno de R$ 40 milhões, com as antigas fábricas de nutrição animal, aumentará em 50%, a partir de setembro, quando a unidade entrará em operação.

Nas pegadas da M.Cassab a Auster Nutrição Animal, com sede em Hortolândia, e a DH MBU Brasil Participações, em Guararapes, municípios do interior de São Paulo, também investiram na construção de novas fábricas de alimentação para a pecuária, aproveitando o bom momento da atividade – a Auster investiu R$ 13 milhões, em uma nova fábrica, na região de Campinas, a DH MBU Brasil, desembolsou R$ 18 milhões, para colocar em pé sua primeira fábrica de nutrição para bovinos, caprinos e equinos, na região de Araçatuba. Para Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), outra razão para o crescimento dos investimentos voltados à nutrição da cadeia do boi é o aumento do projetado para o confinamento no País, que deverá chegar a quatro milhões de cabeças. “Esse desempenho vai depender do mercado de reposição e venda do boi e bezerro e da possível reversão na retenção de fêmeas, além de oportunidades de exportação da carne bovina.”

Segundo ele, o setor de alimentação animal para a pecuária de corte deve produzir 2,9 milhões de toneladas de rações e mais 2,6 milhões de toneladas de suplementos minerais, neste ano. Isso representa um aumento de 5,6% e 9,8% respectivamente, em relação a 2011. O Sindirações prevê uma produção total de rações, em 2012, de 66 milhões de toneladas, um crescimento modesto de 2,8%, na comparação com o ano anterior. “Esse ligeiro aumento tem como principal fator a demanda contida na suinocultura e moderada na avicultura”, afirma Zani. “Essas atividades têm sofrido com o custo elevado dos principais insumos da alimentação animal, baixos preços pagos aos produtores e desaceleração do ritmo exportador.”