Nunca se tomou, produziu e exportou tanto café brasileiro como no último ano. A responsável pelo bom desempenho do produto no mercado interno e externo é a qualidade dos grãos arábica e robusta colhidos em Estados como Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Paraná e Rondônia, os principais centros produtores do País.

Em 2011, esses Estados foram os responsáveis pela produção nacional de 43,5 milhões de sacas de 60 quilos, das quais 33,4 milhões de sacas foram vendidas a outros países, resultando em recordes na colheita e na exportação. Os dois recordes representam mais uma cereja na doce conta do agronegócio do País, já que desde o século 19 os agricultores brasileiros são os maiores produtores e exportadores mundiais do grão.

Impulsionado pelo crescimento da renda da população, o consumo interno da bebida, com 19,72 milhões de sacas, um aumento de 3,11% na comparação com o ano passado, também foi o melhor da história, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé).

A temporada 2012/2013 começa otimista para os produtores e consumidores, com as lavouras brasileiras indicando que a colheita do grão vai continuar crescendo. “O sentimento é geral”, diz Natan Herszkowcz, diretor da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).”A produção e o consumo vão aumentar.” Segundo Herszkowcz, em 2012, o País deve colher entre 52 milhões e 56 milhões de sacas.

Do volume produzido, 60% serão exportados e o restante comercializado no mercado interno. Menos otimista e, no entanto, ainda positivo, o levantamento da Conab mostra que o País deve colher entre 48,97 e 52,27 milhões de sacas de café.

Para qualquer uma dessas previsões que venham a se confirmar, a safra de 2012 será recorde novamente. “A cafeicultura tem o ciclo da bienalidade, ou seja, um ano bom, outro ruim”, diz Diogo Metzdorff, analista de café da consultoria Safras & Mercado, de Porto Alegre. “Se o ano do recorde foi ruim, no ano de safra com boa produção a conta já está pronta.”

Além da expectativa de safra maior, Metzdorff diz que o aumento da produção também pode ser creditado aos produtores que estão investindo em manejo, renovação do cafezal e irrigação, especialmente no Cerrado mineiro.

O otimismo dos produtores brasileiros também está ligado à perspectiva de manutenção do viés de alta nas cotações internacionais do grão, em função da previsão de perdas nas lavouras da Colômbia, Guatemala e Costa Rica, devido ao fenômeno climático La Niña. As cotações da saca de café arábica na bolsa de Nova York têm se mantido na casa dos R$ 500. “Falta café arábica de qualidade no mundo”, afirma Herszkowcz.”O Brasil pode suprir a demanda.” Para se ter ideia, o consumo global do grão, de acordo com a Organização Internacional de Café (OIC), subiu de 135 milhões de sacas, em 2010, para cerca de 137 milhões, no ano passado. E o Brasil tem contribuído para essa elevação.

Tanto que a previsão para os próximos dois anos é de que o País consuma mais café que os Estados Unidos. Os americanos são os maiores consumidores mundiais, com 21,7 milhões de sacas, em 2011. Para 2012, o mercado nacional já espera comercializar 20,5 milhões de sacas de 60 quilos. “De 2003 para cá, a elevação no consumo do País foi de 307%.”

Exportação

Os bons negócios continuam

Mais sacas de café, grãos com qualidade superior e, como consequência, mais dinheiro no bolso em 2012. Pelo menos isso é o que esperam os exportadores brasileiros, caso os embarques do grão sigam o mesmo ritmo do ano passado. “Esperamos um aumento moderado da receita, para US$ 9 bilhões, por conta de uma firmeza nos preços”, diz Guilherme Braga, diretorgeral do CeCafé. No entanto, segundo Braga, o volume de sacas vendidas no mercado internacional deve ser um pouco menor, de 32 milhões de sacas.

Para Natan Herszkowcz, diretor da Abic, a demanda crescente pelo grão deve segurar mais o produto no mercado interno. Em 2011, a exportação brasileira de café bateu recorde histórico de receita, com US$ 8,7 bilhões, com a comercialização de 33,4 milhões de sacas, um aumento de 53,6% na receita em relação a 2010. Segundo Braga, os resultados deram ao café uma participação de 3,4% na pauta das exportações totais brasileiras, e de 9,2% nas exportações do agronegócio. A Europa respondeu pela importação de 52% do total embarcado, seguida pela América do Norte, com 25%, e pela Ásia, com 18%.