O Banco do Brasil (BB), o maior financiador da agropecuária do País, fechará no dia 30 de junho a concessão de crédito destinado aos financiamentos previstos no Plano Safra 2011/2012. O volume de crédito para o setor agropecuário brasileiro deve ficar acima do esperado para o período iniciado em julho do ano passado, com término neste mês. O banco, que esperava financiar R$ 45 bilhões, informou com exclusividade à DINHEIRO RURAL que a instituição chegou a março com um volume de crédito cedido aos vprodutores de R$ 35,6 bilhões, ou seja, 24,5% a mais do que foi concedido entre julho de 2010 e março de 2011. O percentual de crescimento já é o dobro do previsto pelo BB. “Tivemos um desempenho extraordinário na safra”, diz Osmar Dias,vicepresidente de agronegócios e micro e pequenas empresas do Banco do Brasil. “E, como não paramos um único mês de conceder crédito, acredito que vamos fechar o período com um crescimento ainda maior”, diz.

 

“O agricultor está conseguindo quitar suas dívidas mais facilmente e isso dá mais ânimo ao setor”

OSMAR DIAS, vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil

 

 

Entre os fatores que levaram linha de pré-custeio da safra. Com ela, o produtor comprou os insumos necessários antes do período de alta de preços. “A linha deu tranquilidade ao produtor”, afirma. Mas o que o banco tem apontado como diferencial neste ano safra foi uma maior procura por crédito entre os médios produtores. “O governo federal anunciou no ano passado que esse segmento seria privilegiado em suas políticas de concessão de crédito e isso foi visto no balcão dos bancos”, diz Dias. De julho de 2011 a março deste ano, o financiamento para esse grupo foi de R$ 5 bilhões, ante R$ 3 bilhões do mesmo período da safra 2010/2011. “Os preços elevados das commodities, o câmbio em alta e o clima bom na maior parte do País também ajudaram os agricultores a ter ganhos maiores”.

No Plano Safra 2011/2012, as regiões que tiveram maior participação na carteira de crédito do BB foram a Sul e a Sudeste. De todo o crédito cedido pelo banco estatal, o Sudeste representou 43,6%, o Sul 31,6%, o Centro- Oeste 18%, o Nordeste 4,2% e o Norte, 2,6%. Segundo Dias, essa baixa representatividade da região Norte no montante do crédito cedido é consequência da política interna estabelecida pelo BB. O banco tem tomado muito cuidado ao liberar financiamentos para propriedades localizadas no bioma Amazônia. Nessa região, as análises para a liberação de crédito estão sendo investigadas a fundo para evitar que o dinheiro recebido pelo produtor seja usado em atividades ilegais, como a derrubada não autorizada de florestas. “Criamos um filtro para analisar cada projeto que vamos financiar nessa região, sempre de olho nos aspectos ambientais”, diz. Já os setores do agronegócio que tiveram melhor desempenho foram a pecuária, com 19,8% do total da carteira do banco, seguida pela soja, com 7,3%, e o milho, com 4,8%. “A pecuária de corte foi bem (veja mais na pág. XX), mas a pecuária leiteira também buscou muitos recursos para se modernizar e se adequar às exigências de qualidade do mercado”, diz Dias.

A inadimplência, um fantasma para os gestores de linhas de crédito, também tem mostrado um resultado surpreendente. Ela é a menor desde a safra 2005/2006. Nas operações vencidas há mais de 90 dias, ou seja, quando o produtor não paga uma parcela por mais de três meses seguidos, apenas 0,7% estavam nessa condição em março. No mesmo mês do ano passado, o índice de inadimplência era superior a 2%. “O agricultor está conseguindo quitar suas dívidas mais facilmente e isso dá mais ânimo ao setor”, afirma Dias. Nesta safra, o BB foi responsável por 63,7% do crédito agrícola concedido no País, porcentual que representa uma parcela maior de todo o financiamento disponível no mercado, em relação à safra passada. Na safra 2010/2011, o banco realizou 59% das operações de crédito agrícola do País.

Em relação ao Plano Safra 2012/2013, que se inicia no mês de julho, o vice-presidente do BB não revela quanto o banco pretende oferecer de crédito no mercado, mas sugere que a tendência é de aumento do volume a ser concedido. Para ele, os baixos estoques de alimentos no mundo, aliados ao câmbio mais elevado e à busca de tecnologias no campo, irão puxar a demanda por crédito na safra 2012/2013″. “Estamos esperando que isso ocorra por ser o caminho natural para o Brasil. Quanto maior a demanda, com expectativa de melhores preços, maior é a procura por crédito.”