PARAÍSO DE BARBOSA: para reabastecer as energias, o empresário vai todos os fins de semana para o campo

Quem vê Mário Barbosa em sua fazenda no interior paulista pode pensar que não se trata da mesma pessoa que preside a Bunge Fertilizantes. No seu dia-a-dia como presidente da empresa, Barbosa tem um semblante sisudo, de pessoa compenetrada. Mas, quando está no campo, sua fisionomia é outra. Descontraído, ele adora ouvir os causos dos caboclos e andar a cavalo. A paixão pelo animal remete ao avô paterno, fazendeiro de quem ganhou seu primeiro cavalo. Barbosa lembra que o avô tinha como vizinho o criador de mangalarga Rubens Novaes, dono de um cavalo chamado Fogo. O animal foi o grande campeão naquela época, quando as competições não eram divididas por raças. “Eu era criança e ficava pedindo para o meu avô me levar para ver o Fogo”, recorda Barbosa.

Da paixão infantil para a criação propriamente dita passaram-se anos. O pontapé inicial foi há 24 anos. Hoje o empresário conta com um plantel de 120 animais. Entre eles, as éguas Gabriela, quatro vezes campeã nacional. Na ala masculina, o destaque fica para os cavalos Helíaco, campeão nacional de andamento, e Paulista, campeão brasileiro em 2005, cujas doses de sêmen são vendidas por R$ 1,5 mil. Para formar estes animais, são feitas cerca de 30 Transferências de Embrião (TE) por ano. Mas não basta a morfologia do animal ser perfeita. “Seleciono por temperamento. Já tenho 60 anos e não quero cavalos que me dêem problema. Se não serve para mim, não serve para ninguém”, comenta o criador.

ESTRELA DA FAZENDA: a égua Gabriela foi quatro vezes campeã nacional

Não por acaso, há cinco anos, quando assumiu a presidência da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Mang a l a r g a (ABCCM), Barbosa fez c a m p a n h a para reverter a linha que muitos associados estavam tentando impor à ABCCM. “Muitos criadores não andam a cavalo. Estavam saindo animais bonitos, mas sem a peculiaridade da raça, que é o bom andamento”, diz. Para mudar o cenário, no registro a associação passou a valorizar mais o andamento, que é a característica que estava sendo relegada. Na época, houve greve, boicote, mas aos poucos o pessoal foi entendendo. Os números também são favoráveis. Nos últimos cinco anos, a quantidade de animais comercializados quadruplicou. “Com a seleção por temperamento, cavalo nervoso e de má índole é desclassificado”, explica. Essa nova realidade impulsionou a demanda, sobretudo em hotéis-fazenda. Para Barbosa, o fato é mais um motivo para ele voltar todos os finais de semana para o campo. Afinal, além de reabastecer as energias, o empresário tem o prazer de desfrutar de uma boa cavalgada em companhia das netas.