VALORIZADO US$ 150 mil seria o preço de Bodacious nos EUA. No Brasil, vale só R$ 50 mil

Natação pela manhã, corrida de tarde. Alimentação balanceada com misturas especiais e exames de rotina. Uma verdadeira vida de atleta. É assim que vive o touro Bodacious, grande campeão do Rodeio Internacional de Barretos 2007, provando que leva uma vida muito melhor do que a de muita gente. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, os animais de competição têm um tratamento de primeira qualidade, com veterinários sempre à disposição e tudo mais que um atleta de ponta precisa.

ATIVIDADE PARALELA: Bentinho, o dono, vive em São Paulo, mas acompanha a rotina dos animais

Sua vida é regrada, é verdade, mas sem qualquer sofrimento. De manhã, natação para fortalecer os músculos, depois, descanso e uma refeição à base de ração especial. De tarde, uma corrida para queimar as calorias, e mais descanso. Nada mal para um animal de 950 quilos, fruto de um cruzamento entre nelore e red angus, que trabalha menos de cinco minutos por ano, ao longo de 25 rodeios disputados por todo o País. “Touro de rodeio é chamado de ‘tatu com cobra’, não tem raça, é o pior que existe. Aquele que não tem a índole de ser domado. Ele tem que ter apenas a personalidade de pulo”, explica Ricardo Bento, o Bentinho, dono do animal. “De cada mil touros, você tira apenas um que pula”, continua o tropeiro da Companhia de Rodeio 3B, que garante que não obtém qualquer lucro com sua atividade. Faz isso apenas por hobby.

BODACIOUS EM AÇÃO: natação (à esq.) e corrida diária ajudam o campeão a manter a boa forma

Bentinho explica que o aluguel de um animal para um rodeio gira em torno de R$ 500 por final de semana, o que não paga sequer as despesas. “São animais caros pelo retorno que dão para a gente. Não dão retorno nenhum, pois temos muitas despesas com ração (25 kg por animal por dia), manejo, transporte, veterinários especializados em medicina esportiva animal, além de outro veterinário que só cuida do casco”, continua o empresário, que mora e trabalha em São Paulo, freqüenta os grandes rodeios, e visita a fazenda apenas uma vez por mês.

Mas o investimento se justifica. Sem a preparação adequada, os touros poderiam engordar até 150 quilos e baixar consideravelmente seu rendimento. Porém, só isso não é suficiente. Além da preparação durante todo o ano, o criador explica que tem toda uma preparação antes dos rodeios, quando precisa dar uma ração antiestressante para os animais, para que cheguem mais tranqüilos às competições. Antes de entrar na arena, no entanto, é dada uma outra ração, mais energética, chamada de TecTurbo, para que atinjam seu desempenho máximo.

Valorizado após conquistar o mais importante rodeio do Brasil, Bodacious valeria até US$ 150 mil nos Estados Unidos, onde o esporte movimenta milhões de dólares, mas no Brasil passou a valer algo em torno de R$ 50 mil. “Só que ele não está à venda”, garante Bentinho, que pensa inclusive em clonar seus melhores animais. “O custo ainda é um pouco alto, em torno de R$ 20 mil, mas o grande problema é que os resultados não são garantidos”, completa o tropeiro.