São poucos os bons de garfo que, ao imaginarem uma bacalhoada, pizza ou um risoto, não lembrem imediatamente de um azeite de oliva de boa procedência a fim de regar esses pratos. Para os donos do Grupo Sovena, sediado em Algés, cidade nas cercanias de Lisboa, o ideal é que esse azeite seja português, claro. Andorinha, naturalmente. A marca do grupo, presente no Brasil desde 2004, é hoje o segundo azeite de oliva mais consumido no País, atrás apenas da líder Gallo. Dona de 12% de um mercado que faturou R$ 800 milhões no ano passado, o Sovena quer aumentar ainda mais as suas vendas por aqui, embaladas no aumento da renda do brasileiro. Segundo Nuno Miranda, gestor de negócios para a América Latina do grupo, a expectativa é de crescer a uma média de 20% ao ano no País. Margem para isso existe. “O azeite é um produto ainda pouco presente na mesa do brasileiro, se comparado ao consumo de outros países”, diz Miranda. O consumo per capita no Brasil é cerca de 400 mililitros por ano, enquanto na Grécia ele passa de 20 litros, na Espanha é de 12 litros e em Portugal, 7 litros. Atualmente, o Brasil responde por cerca de 10% do faturamento global de R$ 1 bilhão da empresa.

Lagar do Marmelo: localizada no distrito de Beja, a 150 kilometros ao sul da capital Lisboa, a área é a maior do mundo no cultivo da oliveira

 

Não por acaso, neste ano, pela primeira vez, o investimento do Grupo Sovena em marketing, de R$ 6,5 milhões no País, será maior que os recursos destinados à Europa. “Nesta primeira etapa, vamos mostrar ao consumidor como valorizar o azeite nos alimentos”, diz. As ações começaram com restaurantes e mídia digital. No mês passado, foi criado um aplicativo para smartphones e tablets com mais de 100 receitas de entradas, sopas, pratos principais e sobremesas, assinadas pelo chefe de cozinha português, Vítor Sobral, professor de escolas de culinária e autor de livros. Com a chefe de cozinha Ana Luíza Trajano, um dos novos talentos da culinária paulistana, do restaurante Brasil a Gosto, a parceria foi firmada para criar um menu completo com os azeites da empresa, que hoje estão em um cardápio especial. “Montamos pratos da culinária portuguesa que influenciaram na alimentação dos brasileiros, como a paleta de porco com abóbora”, diz Ana Luíza. Os consumidores no Brasil têm sido receptivos aos azeites importados. O crescimento dos últimos anos ficou acima de 15%. Em 2011, foram 65,8 mil toneladas que geraram receitas de cerca de US$ 300 milhões, de acordo com o Ministério da Agricultura (Mapa). Há cinco anos, o País comprava menos da metade do atual volume.

Do Grupo Sovena, a maior parte do azeite que chega ao Brasil é produzida no Lagar do Marmelo, o maior do mundo. O lagar, local onde a oliveira é cultivada, a azeitona é esmagada e o azeite envasado, tem 10 mil hectares nos quais estão 10 milhões de árvores. O Lagar do Marmelo fica no distrito de Beja, a 150 quilômetros ao sul de Lisboa”, diz Miranda. A construção dessa fábrica de azeite, que custou US$ 11 milhões, começou em 2010. Mas, a expansão da marca Andorinha começou há oito anos, com a compra de outra produtora de azeite portuguesa, a Simão & Companhia.

“Montamos os pratos da culinária portuguesa que influenciaram na alimentação dos brasileiros” Ana Luíza Trajano, Chef do Brasil a Gosto

 

A produção própria e de parceiros é de 160 mil toneladas de azeite de oliva por ano. Além da oliva, são  produzidas 500 mil toneladas de óleo de soja, girassol, milho, canola e amendoim, que são exportadas para 70 países. O grupo é controlado pela família do empresário Manuel Alfredo de Mello e opera oito fábricas em Portugal, nos Estados Unidos, na Espanha e Tunísia.