06/12/2022 - 15:52
A seccional paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil classificou como ‘indefensável’ a conduta de um grupo autointitulado ‘advogados de direita’ que simulou queima de livros em frente à sede da entidade em Cascavel, no interior do Estado, na tarde de sexta-feira, 2. Em vídeo, o grupo disse se manifestar ‘contra violações e arbitrariedades perpetradas por representantes do Poder Judiciário’. Durante o protesto, eles atearam fogo em algumas páginas supostamente de um livro de autoria do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.
Alexandre tem sido alvo de pesadas críticas de advogados, empresários e deputados por causa de medidas adotadas em inquéritos sensíveis como o das fake news e o das milícias digitais – no âmbito do quais decretou bloqueio de contas nas redes e de ativos financeiros de investigados.
Após a gravação do grupo de Cascavel ser compartilhada nas redes sociais, a OAB Paraná afirmou que a manifestação foi uma ‘iniciativa privada em área pública, desvinculada da Instituição’.
“Tais atitudes, além de não representarem a classe dos advogados ou a instituição OAB, merecem o repúdio institucional e estão sendo apuradas pelos instrumentos legais e regimentais apropriados”, ressaltou a entidade.
No vídeo que circula no Twitter, os manifestantes se postam em frente à OAB de Cascavel exibindo uma faixa com a inscrição ‘Advogados de Direita de Cascavel’.
O áudio da gravação é precário em alguns trechos, mas é possível ouvir o porta-voz dizendo que a simulação de queima de livros se dá como ‘materialização’ à manifestação ‘contra violações e arbitrariedades perpetradas por representantes do Poder Judiciário’.
Um perfil que compartilhou o vídeo, de nome ‘Advogados de Direita Brasil’, chega a afirmar que os ‘livros’ queimados seriam de autoria do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Nas imagens, a capa do livro não aparece nitidamente. É possível ler apenas as palavras ‘penal especial’.
O magistrado é autor de uma publicação, em parceria com o ex-procurador-geral de Justiça de São Paulo Gianpaolo Poggio Smanio, intitulada ‘Legislação Penal Especial’.