A Odebrecht Agroindustrial cortou pela metade seu investimento anual no cultivo de cana e na produção de etanol, energia elétrica e açúcar – de R$ 1 bilhão, para R$ 500 milhões – pela falta de perspectiva de uma melhora no setor, disse o vice-presidente de Relações Institucionais da companhia, Amaury Pekelman. 

“A companhia acreditou que seria um grande negócio quando decidiu pelos investimentos, já que à época [ainda na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva] o governo passava uma previsibilidade boa ao setor”, disse. “Mas hoje estamos sem perspectiva alguma”, completou Pekelman. 

Segundo ele, os investimentos anuais agora são destinados ao plantio na renovação de canavial e ao aumento da produtividade agrícola industrial para que a Odebrecht Agroindustrial atinja pelo menos a capacidade máxima de moagem nas suas nove usinas.

O processamento deve chegar a 25 milhões de toneladas de cana por safra, enquanto a capacidade máxima declarada pela companhia é de 40 milhões de toneladas.

Qualquer investimento em novos projetos está afastado. Outra ação tomada para conter custos foi a redução do quadro de funcionários da companhia, segundo o executivo. Um dos maiores grupos do setor sucroenergético, a Odebrecht Agroindustrial destina ao etanol 85% da matéria-prima processada, com capacidade de produção de 3 bilhões de litros do combustível por safra, a maior do País.

Pekelman afirmou esperar que o novo governo da presidente Dilma Rousseff “tenha uma cara nova” e amplie o diálogo com o setor sucroenergético. Entre os pleitos estão o retorno da Contribuição e Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, que daria maior competitividade ao etanol, e, principalmente, no caso da Odebrecht Agroindustrial, a devolução de créditos de PIS/Cofins sobre investimentos feitos pelo setor A companhia estima ter cerca de R$ 500 milhões em créditos retidos de PIS/Cofins pelo governo, ou mais de 40% do total de R$ 1,2 bilhão que todo o setor sucroenergético tem a receber do governo.