Uma série de seis oficinas sobre a melhor forma de tratar a castanha-do-Brasil foi ministrada, entre os meses de outubro e novembro, para os povos indígenas e seringueiros da região amazônica que participam do projeto Pacto das Águas. O projeto, patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, atua em Mato Grosso, nos núcleos de Juína e Aripuanã e em Ji-Paraná, Rondônia, na orientação das comunidades locais para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade.

O melhoramento do manejo da castanha, que é utilizada na região amazônica como fonte de renda e meio de vida, é uma forma de agregar valor ao extrativismo. “Antigamente isso era feito sem o devido cuidado e mudar isso é muito importante para a busca de mercados, inclusive fora dos dois estados envolvidos e até em outros países”, explica o gestor ambiental, Sávio Gomes Rego, articulador do projeto Pacto das Águas em Rondônia.

A iniciativa de ministrar oficinas é dos três núcleos o projeto. O núcleo de Juína trabalha com os povos indígenas Cinta Larga e Rikbaktsa. O núcleo de Ji-Paraná atua com os Arara e Gavião, da Terra Indígena Igarapé Lourdes, e aos povos Aruá, Makurap e outros, da Terra Indígena Rio Branco. Já em Aripuanã o foco são os seringueiros da Reserva Extrativista Guariba Roosevelt. Ao todo, foram capacitadas cerca de 300 pessoas.

Culturalmente, tanto indígenas quanto seringueiros faziam a secagem e a seleção das castanhas no chão do pátio, no assoalho de casa, misturado com folhas e lama. Outros povos usavam lona ou folhas de palheira. Cada um tinha uma forma específica de fazer esta atividade, mas sem uma padronização e com práticas que não asseguravam a qualidade do produto. Com as oficinas, os participantes aprendem a ter boas práticas na coleta, seleção e armazenamento da castanha, evitando a contaminação das amêndoas. Ao mesmo tempo, a comunidade compreende que, melhorando as práticas de tratamento da castanha, aumentam as possibilidades de conseguir preços mais altos na comercialização, o que é bom para os próprios castanheiros.

Atualmente, os Rikbaktsa são um exemplo de mudança de hábitos. Eles já usam mesas e tomam uma série de cuidados, conseguindo como produto final a melhor castanha da região.

Tudo isso começou há cerca de 10 anos com o Programa Integrado da Castanha (PIC), que deu origem ao projeto Pacto das Águas. “Desde então, a orientação para as boas práticas de manejo da castanha é prioridade e a gente vem trabalhando com as comunidades, conseguindo muitos avanços. Algumas ações precisam ser aprimoradas, por isso as oficinas são fundamentais”, explica Sávio. “Muitos já sabem que o melhor é fazer a secagem e a seleção de castanhas na mesa, usar faca enxuta, sem contaminantes, levar a castanha para casa em uma embalagem limpinha, evitar a umidade, porque a castanha e muito sensível. Se levar molhada, vai estragar. Mudando a postura a gente consegue uma vida mais longa à castanha, porque o mercado para ela é aquecido até no Natal, depois cai bastante, até que chegue em julho e agosto. Se não cuidar, perde a produção”.

As oficinas foram ministradas pelos próprios técnicos do projeto Pacto das Águas. No caso dos Rikbaktsa e dos seringueiros eles já têm instrutores indígenas que adotaram as boas práticas e possuem experiência  a ponto de terem condições de multiplicar o conhecimento aos outros.