11/04/2025 - 11:22
Sustentabilidade não é mais um conceito distante. No mundo corporativo, a agenda ESG virou prioridade, impulsionada por consumidores exigentes, investidores atentos e regulações mais rigorosas. Mas, para além dos relatórios, a transformação real acontece ao integrar eficiência econômica, justiça social e responsabilidade ambiental nas cadeias produtivas.
No setor agroalimentar, esse desafio é ainda mais crítico. O mundo precisa alimentar uma população crescente, e a agricultura familiar tem papel essencial. Segundo a FAO, até 2050 será necessário aumentar em 70% a produção de alimentos. A questão é: como fazer isso de forma justa e sustentável?
Em mais de 20 anos de atuação em missões humanitárias e projetos sociais, aprendi que a transformação real exige união. A agricultura familiar não pode caminhar sozinha. Pequenos produtores precisam de acesso a tecnologia, inovação e capital para prosperar. E é aí que grandes empresas do agro devem atuar como parceiras estratégicas.
Recentemente, participei do Global Agribusiness Forum (GAF), organizado pela Datagro, consultoria agrícola presente em mais de 50 países. No Uruguai, ao lado de especialistas, debatemos como conectar pequenos e grandes produtores, garantindo que inovação e eficiência cheguem a todos.
No PolvoLab, buscamos essa convergência. Unimos tecnologia, impacto social e inovação para transformar cadeias produtivas e gerar mobilidade social. Nosso modelo é estruturante: ajudamos produtores a se organizarem em ecossistemas cooperativos, desenvolvemos cadeias mais eficientes e conectamos a mercados maiores. É um modelo que gera renda, independência e autonomia.
A agricultura sustentável precisa equilibrar os pilares econômico, social e ambiental. O Brasil, potência agropecuária, tem papel fundamental nessa equação. Se unirmos agricultura familiar à inovação do agro, construiremos um modelo de desenvolvimento que valoriza inclusão social e competitividade.
A transição para uma agricultura mais sustentável não virá sozinha. Temos os ODS da ONU como guia, mas precisamos de políticas públicas eficazes, investimentos estratégicos e vontade de fazer diferente. O futuro depende da colaboração entre setores e de um modelo que valorize eficiência e justiça social.
O desafio está posto. Mas, se algo minha trajetória ensinou, é que mudanças acontecem quando vemos oportunidades onde antes havia obstáculos. A agricultura do futuro será sustentável, inclusiva e colaborativa – e esse futuro começa agora.
*Daniela Kallas é empreendedora social e advogada, sócia-investidora e diretora de Relações Institucionais na Polvo Lab e coautora do livro “As faces da violência: do indivíduo ao Estado” (2018).