27/10/2021 - 21:18
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar o ritmo de elevação da Selic foi acertada e compatível com uma deterioração no cenário macroeconômico pintado pelo Banco Central. A opinião é do economista-chefe do banco Original, Marco Caruso. Para ele, contudo, o comunicado feito hoje ainda mostra uma resistência do BC de entregar todo o juro que está hoje implícito na curva de juros, que mostra uma Selic acima de 11%.
No cenário do Original, a taxa prevista para o fim do ciclo de aperto é de 11%, mas Caruso afirma que aguarda a ata do Copom para garantir que irá reforçar ou não esse patamar. “O tom (do comunicado) foi seco, as avaliações do fiscal foram justas, mas considero que o BC tem cartas na manga para em algum momento pausar o ciclo de altas no ano que vem”, disse.
Ele cita, por exemplo, o fato de que o BC ainda não deixou explícito o tamanho da desaceleração no crescimento da economia e ainda trabalha, dentro da previsão de preços administrados, com uma bandeira vermelha para preços da energia até 2023. Para ele, isso deixa um espaço para que o Copom reavalie, mais à frente, uma alta mais agressiva nos juros.
Caruso apontou ainda que, com a decisão de aumentar o ritmo de alta na Selic, dos 1 p.p indicados na última reunião para 1,5 p.p, o BC responde à altura à piora no cenário fiscal. Mas destaca que, como tomador de informação, o Copom trabalha ainda com a probabilidade de que o teto de gastos realmente seja alterado, não com a consolidação desse cenário. “Só com a possibilidade de furo, as premissas pioraram”, alertou.