Quando criança, o sonho de Adriano Moraes era ser peão de boiadeiro e brilhar em rodeios como o de Barretos ou Jaguariúna, principais etapas do circuito brasileiro de montaria. Hoje, aos 36 anos, ele já superou, em muito, suas expectativas. Vivendo nos Estados Unidos desde 1993, Moraes é considerado uma lenda viva do esporte no país. Único tricampeão da história do PBR – Professional Bull Riders, já faturou mais de US$ 5 milhões apenas em premiações, fora os contratos de patrocínio, que lhe renderam mais alguns milhões de dólares nesses anos.

No entanto, o que mais impressiona este paulista de Bauru é sua popularidade na terra do Tio Sam.

Mesmo aposentado, segue sendo parado nas ruas para dar autógrafos e posar para fotos ao lado dos fãs, algo inimaginável para um peão no Brasil. A diferença é que nos Estados Unidos o rodeio é um esporte altamente profissionalizado, e o PBR visto por mais de 100 milhões de espectadores em todo o mundo. “Lá, os peões são grandes astros do esporte. Somos parados pelos fãs o tempo todo, onde quer que seja. Parece até que somos jogadores de futebol americano ou basquete”, brinca Moraes, que vive na pequena cidade de Tyler, no Texas, e nem cogita voltar à terra natal.

Mas toda esta popularidade não foi conquistada à toa. Desde que chegou à América, o boiadeiro sempre esteve entre os melhores do mundo. Prova disso é que também é recordista em participações em finais do PBR, com 14 aparições em 15 edições disputadas e títulos em 1994, 2001 e 2006. Sua despedida do circuito aconteceu em 2008, ano em que arrastou multidões às arenas. “Avisei no começo do ano que seria a última temporada, o que despertou ainda mais o interesse do público. Eu era considerado um astro do rodeio”, conta.

No Brasil não era diferente. Diferente era apenas o tamanho das premiações. Para se ter ideia do abismo, entre 1988 e 1993, quando ainda competia por aqui, Moraes ganhou cerca de cinco caminhonetes, 32 carros, além de “incontáveis motos”, como ele mesmo costuma dizer. No total, os prêmios não chegaram aos US$ 500 mil, média inferior a US$ 100 mil por ano. Nos Estados Unidos, sua média, sem contar os polpudos patrocínios, beirava os US$ 350 mil/ano. “Só não ganhei mais porque no começo as premiações ainda eram pequenas. Se competisse hoje, estaria bem mais rico”, completa ele, agora membro da organização do PBR.

NOVA ESTRELA – A aposentadoria de Moraes abriu caminho para que outro brasileiro brilhasse nas arenas norteamericanas. Guilherme Marchi, 26 anos, paulista de Itupeva, é o atual campeão do circuito e o novo queridinho dos fãs do rodeio. Morando nos Estados Unidos há cinco anos, Marchi alcançou o estrelato em novembro de 2008, quando venceu a grande final do PBR em Las Vegas e faturou a fivela de ouro pela primeira vez, após três vice-campeonatos consecutivos. Além do cheque de US$ 1 milhão, ganhou a simpatia do público.

“O rodeio é uma febre nos Estados Unidos. Todo mundo te reconhece nas ruas. Depois do título minha vida mudou completamente. Agora sou assediado pelos fãs, dou autógrafos e sou tratado como uma verdadeira estrela do esporte”, diz Marchi, que faturou quase US$ 2 milhões apenas na última temporada e também nem pensa em voltar ao Brasil tão logo. “Pretendo ficar nos EUA por mais uns 10 anos, no mínimo”, completa. Neste ano, a grande final do PBR será disputada em Barretos. Ponto para Marchi, que busca o bicampeonato, e para os torcedores brasileiros, que poderão ver novamente seus ídolos em ação.