01/02/2011 - 0:00
Relax na lavoura: funcionário da Pasona usa as suas horas de descanso para o manejo da fazenda urbana
Três metros quadrados já são suficientes para uma lavoura produtiva. Sim, em Tóquio, a tecnológica capital do Japão, isso não somente é possível como virou moda. Sem mais áreas verdes disponíveis para o cultivo de alimentos, as fazendas urbanas se proliferam. São estufas verticais, montadas como prateleiras e imbuídas de tecnologia avançada. Elas permitem o cultivo de hortaliças, frutas, grãos e leguminosas em áreas limitadas e inusitadas como os telhados das casas, varandas de apartamentos, escritórios e até andares inteiros de prédios comerciais. Nos supermercados das maiores cidades, é possível alugar um kit-cultivo ou até mesmo comprar um desses e levar para casa. A iniciativa mais ousada foi da empresa de recursos humanos Pasona, que criou uma fazenda urbana de mil metros quadrados, em um andar inteiro de seu edifício, o Otemachi Nomura Building, no centro de Tóquio. Ela está conseguindo colher até arroz em quantidade suficiente para abastecer o seu refeitório. Anos atrás, o andar em que foi instalada era o cofre de um banco. Hoje quem cuida da fazenda são os próprios funcionários, que acreditam que lidar com a terra acaba com o estresse do dia a dia.
A fazenda urbana, que ganhou o nome de PasonaO2, foi criada em 2005 para servir de sala de aula para futuros fazendeiros. No ano passado, virou departamento da empresa, tamanho o interesse dos funcionários. Frutas, verduras e leguminosas são produzidas sob lâmpadas especialmente desenvolvidas e controladas por computador, enquanto o sistema de irrigação funciona em circuito fechado para evitar desperdícios. No cultivo, não é utilizado nenhum tipo de agrotóxico ou química. A PasonaO2 é uma genuína lavoura orgânica high tech, que recebe apenas sprays de dióxido de carbono e fertilizantes naturais. A safra de arroz, berinjela, tomate e pimenta é escoada nos próprios refeitórios da empresa e os funcionários garantem que sabor e aroma não são alterados.
€ 820 é o preço
De um kit-cultivo vendido nos principa is supermercados de nagoya e osaka
A falta de mão de obra no campo, no Japão, é um problema social. Com poucas áreas verdes, o país sofre com a falta de interesse dos jovens, que querem morar e trabalhar nos grandes centros tecnológicos. Em todo o Japão, existem pelo menos 15 fazendas urbanas que nasceram com o intuito de despertar o interesse dos mais jovens de trabalhar com agricultura. Em grandes centros como Nagoya, Osaka e Kyoto não há fazendas urbanas, mas as vendas de kits de cultivo invadiram os supermercados. As estufas verticalizadas podem ser compradas por € 820 euros, cerca de R$ 1.800, ou alugadas por € 70, R$ 160 ao mês. As fazendinhas mais pedidas são as de alface, morango e tomate.