Leonardo Pierdoná

O que faz: produz soja e milho

O que consegue: 170 sacas de milho por hectare, 36% acima da média estadual

Como consegue: investimentos em tecnologia de alta performance

Do alto da caçamba de um caminhão, o jovem produtor Leonardo Lucas Pierdoná observa atento todos os passos da colheita que está sendo realizada na fazenda de sua família, localizada entre morros e belas colinas na cidade de Passo Fundo, no interior do Rio Grande do Sul. É ele que orienta a descarga dos grãos e acompanha de perto o avanço das colheitadeiras.

Um trabalho comum, não fosse pelo detalhe de Pierdoná ter apenas 17 anos de idade. Pela primeira vez ele recebeu a missão de comandar sozinho toda a produção nos 1.700 hectares da propriedade. Seu pai, Sérgio Domingos, toca uma outra propriedade em Mato Grosso e cabe a Pierdoná levar adiante o projeto sulista. E o rapaz dá mostras de que, embora tenha cara, jeito e idade de menino, sua produtividade é de gente grande.

” O uso de tecnologia de ponta é a melhor forma de fazer crescer a fazenda”

Leonardo pierdoná, agricultor gaúcho

Paulo Adamy

O que faz: planta grãos

Seu feito: 215 sacas de milho por hectare

Como: sementes e insumos de alta performance

Até finalizar as contas da safra, o menino-produtor terá colhido algo em torno de 170 sacas por hectare de milho. Dados da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul mostram que a produção média do Estado deve atingir cerca de 125 sacas por hectare – uma diferença de 36% em favor do jovem agricultor. Só para efeito de comparação, nos EUA, considerados os “reis da produtividade de milho”, a produtividade média na safra 2009/2010 deve fechar em 171,75 sacas por hectare, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda).

Para alcançar números tão robustos, Pierdoná dedicou uma área de dez hectares para o desenvolvimento de manejos mais produtivos e conseguiu nada menos do que 235 sacas por hectare – ou 36,8% a mais que os americanos e 88% acima da média gaúcha. “Estamos buscando investir em tecnologia e num manejo cuidadoso, vendo tudo o que é ideal para a terra produzir. E os resultados estão aparecendo”, comemora o agricultor.

Pierdoná faz parte de um grupo de produtores que participaram de um concurso de produtividade desenvolvido pela multinacional Syngenta em parceria com revendedoras de insumos daquela região, que tinha o objetivo de incentivar o uso de tecnologia e de manejo diferenciados para atingir altos índices de produtividade. Mas o projeto acabou revelando uma nova geração de agricultores que começam a dar os primeiros passos no campo e que já se mostram dispostos a transformar a produção agrícola em seu Estado. “Estamos em uma região onde não há área para crescer. O jeito é aumentar a produção e esses produtores aceitaram o desafio de mostrar que esse planejamento é possível”, conta Pierdoná.

Jonas Botoluzzi

O que faz: planta grãos

Seu feito: 251 sacas de milho por hectare

Como: manejo de solo com variedades melhores

O projeto contou com a participação de 17 produtores. Cada um reservou uma área de dez hectares em sua propriedade, onde foi realizada uma extensa análise de solo para corrigir deficiências. Os trabalhos incluíram ainda estudo das melhores variedades e análises de nutrição vegetal, além de uso intensivo de adubos e defensivos agrícolas. “Nossa ideia era eliminar todos os fatores que podem roubar produtividade, desde pragas até manejos inadequados. Ainda contamos com um clima muito positivo”, avalia o representante técnico de vendas da Syngenta e um dos idealizadores do projeto, Luiz Eduardo Graeff.

Juventude – A pouco mais de dez quilômetros da fazenda de Pierdoná, já chegando ao município de Mato Casteliano (RS), um outro jovem também mostra que é bom de lavoura. Filho de um casal de médicos, Paulo Vagner Adamy, 24 anos, é quem toca a propriedade de 1.700 hectares da família e lá também a produtividade foi acima da média. “Na área destinada ao projeto registrei uma média de 217 sacas por hectare.

Nunca colhi nada parecido”, se anima o produtor, que, mesmo sem ter fechado todas as contas, acredita que é possível aplicar o modelo de produção em uma área maior da fazenda. “A diferença de custo foi de 25 sacas por hectare no milho, mas ainda preciso calcular isso melhor. Claro que o desembolso é maior e é preciso sempre levar em conta o mercado. Mas, no cenário atual, acredito que se mostrou bem viável”, pondera com a propriedade de quem desde cedo aprendeu a tomar decisões importantes.

Luiz Graeff

Prêmio incentivou corrida tecnológica

A alta produção chegou a gerar problemas para o produtor Jonas Bortoluzzi, dono de 370 hectares na cidade de Maraú (RS). “O volume era tão grande que, para conseguir avançar, tive que reduzir a capacidade da minha colheitadeira de dez para cinco linhas”, relata Bortoluzzi.

O produtor de 28 anos de idade foi o recordista de produção, chegando a colher 251,5 sacas de milho por hectare na área do projeto. Mesmo no restante da fazenda sua média impressiona, chegando a 180 sacas por hectare. “Fizemos um trabalho cuidadoso de análise do solo, de estudo das melhores variedades e de uso intensivo de tecnologia”, revela. Segundo o produtor, o custo total de sua fazenda é de aproximadamente R$ 1.500 por hectare.

Na área do projeto o valor chegou a R$ 2 mil. “Considero um valor bem viável. Tive um desembolso cerca de 30% maior e já estudo ampliar a aplicação desse sistema em mais áreas na próxima safra”, ressalta Bortoluzzi, que completa: “Mostramos que podemos produzir muito mais do que já produzimos e isso é uma grande vitória”, diz o agricultor, que tem a atividade como herança familiar. “Temos que aliar a tradição com tecnologia, esse é o futuro”, diz.