Quando ocupava a cadeira de presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, o pecuarista Orestes Prata Tibery Filho, o “Orestinho”, tinha uma preocupação. Com um reduzido número de famílias ocupando as principais linhagens do País, ele percebeu que a consangüinidade seria um problema a ser superado. Pensando nisso, juntou um grupo de amigos, chamou o seu sobrinho e também nelorista Marcos Moura e decidiu partir com destino à Índia e importar embriões capazes de resolver o problema que o preocupava. E, dessa forma, Moura partiu com destino ao Oriente, com a difícil missão de romper os bloqueios sanitários que separavam os dois países. “A pecuária brasileira precisava desse refresco de sangue e por isso fomos atrás”, revela. Com ele, outros nomes importantes do nelore brasileiro. Entre eles, José Carlos Prata Cunha, filho de ninguém menos que Torres Homem Rodrigues da Cunha, um dos primeiros importadores, no distante ano de 1962. “De certa forma, percorrer esses caminhos novamente, como fez meu pai, é um sonho”, avalia. Ao lado de ambos, completando a “turma”, Pedro Novis, Carlos Alberto Mestriner, Gilson Katayama e José Roberto Colli.

Segundo Moura, que ficou encarregado de desbravar os interiores da Índia, não foi fácil encontrar animais de qualidade superior. “Me deparei com exemplares muito bons, mas que não conseguimos comprar porque os donos simplesmente não queriam vender por questões sentimentais”, comenta. Auxiliado por compradores locais, ele alerta sobre o trabalho realizado pelos dois grupos de importadores, que será fundamental para a preservação do nelore no mundo. “Como a utilização de animais vem diminuindo por causa dos tratores que começam a chegar em algumas regiões, os indianos estão cruzando o nelore com raças europeias de leite e tenho dúvidas sobre o futuro da pureza racial”, diz. Ele explica que não há um controle oficial, ao contrário do que acontece no Brasil. Isso porque, segundo ele, não há um mercado de animais e os negócios acontecem muito mais visando a interesses locais do que ao desenvolvimento da raça. “O trabalho tanto do Orestinho como do Jonas terá uma importância muito maior no futuro, porque hoje estamos garantindo o gado do futuro e talvez, se tudo continuar assim, o Brasil seja o último refúgio do nelore”, analisa.

JOSÉ CARLOS PRATA CUNHA

Filho de um dos primeiros importadores está na empreitada

ORESTES PRATA TIBERY FILHO

Ex-presidente da ABCZ lidera grupo de investidores em novos embriões