Everardo Telles: “O mercado de produtos orgânicos é promissor e não podíamos ficar fora”

O presidente da Ypióca, Everardo Telles, é conhecido pela sua insaciável sede por novos mercados. Representante da quarta geração da família à frente da tradicional empresa de 163 anos de existência e com faturamento de R$ 300 milhões, ele se orgulha de estar sempre atento a novas oportunidades.

Uma receita que se repete diante da nova aposta da empresa. De olho em um mercado que cresce a taxas de 20% ao ano e que movimenta cerca de US$ 23 bilhões no mundo, Telles quer colocar na mesa dos apreciadores da bebida a sua cachaça orgânica. “É um novo nicho muito promissor no qual resolvemos entrar, já que o mercado de produtos orgânicos vem crescendo em todo o mundo”, afirma.

Para conseguir obter um produto com “status” de bebida artesanal, mas produzido em escala industrial, foram oito anos preparando a unidade de Pindoretama (CE), a terceira erguida pelo grupo e que concentra toda a produção da nova cachaça.

“Temos a certificação do Instituto Biodinâmico (IBD) e estamos focando tanto o mercado interno quanto o externo”, diz. Em termos de volume, a produção da cachaça orgânica ainda é incipiente. Dos 126 milhões de litros produzidos anualmente, apenas dois milhões são da nova bebida.

Mas, mesmo assim, ela é vista com grande potencial para o futuro e tem no seu preço, cerca de 20% acima da média das outras linhas, um grande diferencial. “Acreditamos que esse mercado deve crescer nos próximos anos. Na medida em que houver demanda, nós estaremos prontos para aumentar nossa produção”, ressalta Telles.

Para suprir a produção, a empresa mantém uma área de 250 hectares de cana-de-açúcar, totalmente orgânica. Nesse tipo de lavoura não há aplicação de herbicidas, agrotóxicos ou adubos químicos e a palha não é queimada durante a colheita.

“Até o adubo natural é rastreado, pois a ração do animal que gera esse adubo não pode ter alimentos cultivados com agrotóxicos. O controle de pragas é biológico, feito por meio de vespas que se alimentam das pragas”, revela o diretor de planejamento e filho de Everardo, Paulo Telles. Para garantir a qualidade do produto, o processo de produção da bebida é feito em épocas distintas das demais linhas.

Após a fabricação, ela é envelhecida por dois anos em barris de Feijó, um tipo de madeira que não afeta a coloração da bebida. “Com isso mantemos o aspecto de pureza da bebida.” Além da aguardente orgânica, a empresa se prepara para entrar de vez no setor de etanol.

A Ypióca investiu R$ 80 milhões na construção de uma nova fábrica na cidade de Jaguaruana (CE), com capacidade para produzir anualmente 50 milhões de litros de etanol ou 90 milhões de litros de cachaça. “É uma das fábricas mais modernos do mundo. A ideia é produzir apenas etanol nos dois primeiros anos e a partir de 2012 iremos produzir álcool e aguardente, na proporção que for interessante no mercado”, finaliza Telles.