NOVO FOCO: dono de escolas técnicas, ele investe agora no campo

Acriação de avestruzes e de gado europeu da raça red angus encontrou um entusiasta no município de Andradas, no interior de São Paulo. Trata-se do empresário Eloy Tuffy, dono da rede de escolas técnicas Micro Camp, que atua em 14 países e fatura mais de R$ 160 milhões ao ano. Desde 2001, quando tomou a decisão de entrar na pecuária de elite, ele aportou mais de R$ 3 milhões em genética e construiu um spa avaliado em mais de R$ 20 milhões com a idéia de receber os clientes que visitam a propriedade para comprar seu gado. O que pode parecer coisa de gente excêntrica, ele chama de Fazenda MC e diz ser um modelo alternativo de negócios no concorrido mundo da pecuária. A propriedade funciona como uma espécie de pensão para gado, semelhante ao que fazem os haras de cavalos, que alugam suas cocheiras para receber animais de terceiros. “Gado é investimento e a minha tese é que a pessoa não precisa ter uma área própria para ter o seu animal, isso nós temos aqui”, diz Tuffy. A sacada do empresário tem sido importante para a realização de parcerias. Só deixam a propriedade os animais que tenham sido 100% comprados. Aqueles que tiveram apenas cotas adquiridas continuam na fazenda à disposição de seu co-proprietário para “visitas”. “Essa é a diferença entre vender um animal e um papel, aqui a pessoa vê o investimento dela e, para que tenha uma estada agradável, pode usufruir de nosso spa”, diz Tuffy, logo tratando de diferenciar o seu modelo de negócios do ruinoso exemplo da Fazendas Reunidas Boi Gordo.

ATENDIMENTO VIP: infra-strutura foi planejada para atrair os investidores da fazenda

No último leilão do empresário, realizado em outubro, aconteceram alguns casos de animais vendidos em cotas. O boi Conhaque e a fêmea Afrodite tiveram cotas de 10% vendidas por R$ 114 mil e R$ 69 mil, respectivamente. Ambos continuam na propriedade e são explorados comercialmente. Para capitalizar seu negócio, Tuffy oferece sociedade em seus melhores produtos. “Levantamos mais de R$ 1 milhão nesse leilão, o que é recorde para a raça”, diz. Contabilizando desde as primeiras vendas, a fazenda recebe, mensalmente, algo em torno de R$ 130 mil em parcelas. Tuffy, contudo, diz que ainda trabalha no vermelho porque o custo fixo da propriedade é de, aproximadamente, R$ 150 mil. “Mas, como todo negócio, temos de bancar por algum tempo e não tenho dúvidas de que vou ganhar dinheiro”, afirma. Segundo ele, para 2008, será possível aumentar o fluxo de entrada de dinheiro para R$ 300 mil. “Vou abater o investimento”, avalia.

R$ 20 milhões foi o investimento no spa que recebe os clientes

A aposta do empresário está no crescimento do consumo de carne de qualidade. Por ser um animal de origem européia, portanto com textura e paladar diferentes do gado nelore, de origem indiana e predominante no Brasil, ele acredita existir um mercado promissor para o red angus.“Aos poucos vamos provar que é possível, sim, criar angus em São Paulo e acredito que há como o rebanho comercial crescer”, comenta. Ele destaca a preferência de alguns nichos por animais europeus. Entre eles, a rede de fastfood Burger King, que chegou ao Brasil há poucos anos, que utiliza apenas carne de angus em seus hambúrgueres.

Animado com as perspectivas, Tuffy já pensa em crescer. Atualmente a fazenda está operando com aproximadamente 300 nascimentos por ano, podendo chegar a pouco mais de 400. Depois disso, será necessário comprar mais terras. “Acho que isso acontecerá naturalmente”, avalia. O empresário ainda pretende ampliar sua atuação no agronegócio. Recentemente ele lançou uma linha de café e possui uma criação de avestruzes para abate, com 200 cabeças. Para o futuro ele planeja manufaturar o couro do animal, para agregar valor. “Também estudamos lançar uma marca de água mineral”, afirma Tuffy. Segundo ele, um laudo apontou que a água de sua fazenda, que possui abundante quantidade, está entre as mais puras do Estado. “Há muito o que ser feito, mas o importante é isso: sempre crescer e ficar de olho em novos negócios”, afirma.

“Aqui, eu não vendo um papel. Vendo animais, que podem ser sempre visitados”

ELOY TUFFY, EMPRESÁRIO E DONO DA FAZENDA MC