Em reunião com o Fórum de Governadores, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, defendeu um esforço entre todos os agentes políticos para a construção de um ambiente de estabilidade política. Sem citar Jair Bolsonaro, o senador enviou um claro recado ao presidente. “Nosso inimigo não está entre nós”, afirmou. “Nosso inimigo é o preço do feijão, é o preço da gasolina, da luz elétrica. É o preço dos alimentos de forma geral, que tem sacrificado a população.”

Dez dias depois de pedirem uma reunião com Bolsonaro defendendo justamente a pacificação do País e o fim do clima de instabilidade política, os governadores não receberam resposta até hoje. Nesta quinta-feira, 2, seis governadores representantes do fórum se reuniram com Pacheco defendendo novamente uma harmonia entre os Poderes, para que o País possa recuperar seu equilíbrio. E, na conversa, Pacheco concordou com a visão dos mandatários.

“Há um sentimento geral que, a despeito de divergências que existam, nós temos problemas para ontem. Nosso inimigo não está entre nós. Nosso inimigo é o preço do feijão, é o preço da gasolina, da luz elétrica. É o preço dos alimentos de forma geral, que tem sacrificado a população. Nós temos de discutir isso no Brasil e não perdermos tempo com aquilo que não convém, com aquilo que não calha para poder solucionar o problema imediato das pessoas. Então, o papel de maturidade política de todos esses agentes ao sentarem se na mesa para tratar dos problemas nacionais é muito importante para o Brasil”, afirmou o presidente do Senado.

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, disse que a instabilidade política só agrava a situação do País com impacto direto na economia. “É claro que a instabilidade política tem reflexos muito fortes na economia. E prejudica a todos”, lembrou.

“Não há melhor ambiente do que a democracia. Portanto, esta manifestação dos governadores sem fulanizar, sem especificar, sem agredir, mas preservando sempre esse conceito importante da nação, que é a preservação do Estado democrático de Direito, é muito bem recebida pelo Congresso Nacional”, disse Pacheco.

E é muito importante que todos nós estejamos unidos, respeitando as divergências, na busca de consensos, na busca de convergências, mas com um aspecto que é para todos nós inegociável: não se negocia a democracia. Democracia é uma realidade. O Estado de Direito é uma realidade. A sociedade já assimilou esses conceitos e esses valores nacionais. De modo que estaremos sempre unidos nesse propósito de preservação da democracia no nosso País”, deixou claro Pacheco, que recebeu os governadores na residência oficial da Presidência do Senado.

Existe um temor dos governadores que as manifestações do 7 de setembro sirvam para ameaçar a democracia no País. Para eles, o clima de beligerância e de ameaças às instituições acabam servindo para afastar investimentos do País e ainda criam um clima de insegurança na população. Por isso, os governadores avaliaram na reunião que os preços têm disparado sem controle, afirmando que o presidente tem priorizado muito mais duas atividades políticas do que conter esses problemas.

Por causa disso, há também um movimento para que algum tipo de ação possa ser construída entre governadores, Congresso e governo para conter especialmente a alta de preços.

“Obviamente, que há uma intenção enorme dos governadores e essa é também a intenção do Senado de encontrarmos soluções e alternativas para conter esse aumento muito considerável de itens”, disse Pacheco. “Definimos até os itens. Alimentos, energia e combustíveis. São itens que sacrificam a população brasileira. Tem aumentando muito o preço e o valor desses itens. E ha uma perda considerável do poder de compra dos brasileiros. Então, vamos estudar todos os mecanismos possíveis, alinhados com o Ministério da Economia, que deve ser protagonista disso. Porque o Ministério da Economia é que deve definir as diretrizes da economia nacional. Portanto, essa é uma construção que precisa muito ser imediatamente feita para que possamos ter menos pobreza, menos miséria e menos fome no Brasil”, afirmou.

“Há uma busca por uma estabilidade mínima para que os números possam ser contidos, de inflação, de juros, de câmbio, de índice de desemprego. Esse é um trabalho muito sério que precisa ser feito e o papel dos governadores é fundamental porque eles vivem a realidade local”, acrescentou o presidente do Senado.