Utilizada para o tratamento de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), a Ritalina é um medicamento cujo princípio ativo é o cloridrato de metilfenidato, um estimulante do sistema nervoso central. Desde dezembro, pacientes que fazem uso do remédio, fabricado pela Novartis, têm reclamado de dificuldade para encontrá-lo nas farmácias.

O laboratório anunciou na segunda-feira, 29, que a sua comercialização já foi restabelecida. No entanto, ainda há um período do processo logístico para que o remédio chegue aos pontos de vendas dos consumidores nos próximos dias. Com a volta do período letivo nesta semana, a analista de DP Andreia Faganello Rodrigues Vieira, de 49 anos, está preocupada com o rendimento escolar da filha, de 14 anos, pois não consegue encontrar a medicação. Desde os 10 anos, quando foi diagnosticada com TDAH, a menina faz uso da Ritalina de forma contínua.

“Ela precisa do remédio para manter a concentração durante as aulas. Está, desde o fim do ano passado, sem tomá-lo. Estamos procurando, mas ainda não encontramos nas farmácias”, afirma a mãe.

A falta do medicamento também preocupa o comerciante Cleber Alves, de 46 anos. A filha, de 12, faz uso da medicação desde os 9, sob orientação do neurologista. “Ela depende do remédio para ficar bem. Já procurei em vários estabelecimentos e todos afirmaram que está em falta. Já o laboratório disse que logo deve chegar às farmácias. Enquanto isso, tentamos ampliar o número de sessões de terapia”, afirma.

O TDAH é transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Conforme a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), ele atinge entre 3% e 5% das crianças. Enquanto na infância está associado a dificuldades na escola e no relacionamento com as demais crianças, pais e professores, o transtorno na vida adulta está associado a problemas de desatenção para atividades do cotidiano e do trabalho.

Atraso

Em nota, o Grupo Novartis e a Sandoz do Brasil, sua divisão de medicamentos genéricos e biossimilares, disseram que houve atraso na liberação de novos lotes do produto Ritalina, nas apresentações de 10 mg, 20 mg e 30 mg. “Devido à alta demanda pelo medicamento em 2022, a companhia teve seu estoque de segurança zerado, e subsequentemente, enfrentou um atraso na liberação de novos lotes. O produto em questão é importado dos Estados Unidos, e o processo de desembaraço e liberação dos lotes para comercialização é complexo e demorado”, afirmaram.

O Grupo Novartis disse ainda que já está trabalhando para restabelecer a comercialização. “Ressalta que a indisponibilidade do produto não trata de problemas de qualidade, mas se dá exclusivamente pelo trâmite na liberação de novos lotes, importados dos Estados Unidos, e, portanto, não acarreta risco à saúde do paciente em uso da medicação.”

Cenário

Mesmo após a comercialização da Ritalina ser retomada, os pacientes podem ter dificuldade para encontrar o medicamento porque existe o período logístico para que o remédio chegue até os pontos de venda e a situação seja normalizada nos próximos dias. Segundo a Novartis, o cenário de desabastecimento foi notificado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e comunicado a profissionais de saúde.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.