17/10/2024 - 16:25
São Paulo, 17 – Os elevados índices de atrasos e alterações frequentes de escala de navios para exportação fez com que o Brasil deixasse de embarcar 2,155 milhões de sacas de café (6.529 contêineres) de janeiro a setembro de 2024. Com isso, o País abdicou de US$ 580,55 milhões, ou R$ 3,217 bilhões, como receita cambial (considerando preço médio Free on Board – FOB – de US$ 269,40 por saca de café verde, em setembro/2024, e média do dólar a R$ 5,5410). A constatação é do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Segundo o conselho, o cenário fica ainda mais crítico quando se analisa o prejuízo que os exportadores de café vêm acumulando por causa da falta de infraestrutura portuária adequada para cargas conteinerizadas no País, segundo o diretor Técnico do Cecafé, Eduardo Heron. “Nossos associados reportaram um custo extra de R$ 5,938 milhões, em virtude de detentions, armazenagens adicionais, pré-stacking e gate antecipado, ocasionado pelos elevados índices de atraso e alterações regulares nas escalas das embarcações. Esses entraves revelam que nossos portos não evoluíram na mesma velocidade do agro e se encontram com estruturas inadequadas para cargas conteinerizadas, expondo o esgotamento da infraestrutura e a necessidade de ampliação da capacidade de pátio, berço e do aprofundamento de calado para recebimento de embarcações maiores”, disse ele em comunicado.
No mês passado, 69% dos navios, ou 190 de um total de 277 embarcações, tiveram alteração de escalas ou atraso para exportar café nos principais portos do Brasil, mostra o Boletim Detention Zero (DTZ), desenvolvido pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé. “O maior prazo de espera foi registrado no Porto de Santos (SP), com 38 dias entre a abertura do primeiro e do último deadline”, informa o levantamento.
O boletim revela que Santos, principal terminal escoador dos cafés brasileiros ao exterior, registrou um índice de 84% de atraso de porta-contêineres em setembro, o que envolveu 108 do total de 129 embarcações.
No mês passado, apenas 10% dos procedimentos de embarque tiveram prazo superior a quatro dias de gate aberto por navios no Porto de Santos. Outros 36% tinham entre três e quatro dias e 54% tiveram menos de dois dias.
“O nível de navios que tiveram janela aberta por menos de 48 horas alcançou seu pior índice desde janeiro de 2023, quando começamos o levantamento, e, mais preocupante ainda é o fato de que 42 navios nem sequer tiveram abertura de gate, ampliando o cenário de custos extras e elevados aos exportadores”, comentou Heron.
No complexo portuário do Rio de Janeiro (RJ), o segundo maior exportador dos cafés do Brasil, o índice de atrasos das embarcações foi de 58% no mês passado, com o maior intervalo sendo de 29 dias entre o primeiro e o último deadline. Esse porcentual implica que 42 dos 72 navios destinados às remessas do produto tiveram alteração de escalas.
Também em setembro deste ano, 13% dos procedimentos de exportação registraram prazo superior a quatro dias de gate aberto por porta-contêineres nos portos fluminenses; 44% registraram entre três e quatro dias; e 43% tinham menos de dois dias.