Pense rápido. Você saberia dizer qual a marca do palmito que costuma consumir? Pois é. Ganhar mercado em um segmento em que praticamente ninguém se importa com a marca do produto que está comprando, é o grande desafio do empresário Khalil Yepes Hojeije. Filho de libaneses, Hojeije é a segunda geração à frente da Palmito Floresta, empresa criada por seu pai há mais de 30 anos e que se tornou uma das maiores produtoras de palmito do Brasil. Nos 500 hectares de morros que compreendem sua propriedade, se espalham cerca de três milhões de palmeiras da espécie pupunha, que proporcionam uma produção de 11,5 toneladas por mês. Desse volume, algo em torno de 80% é destinado para grandes redes como Pão de Açúcar, Sadia, Makro, entre outras. Uma respeitável carteira de clientes que ajudou a empresa a crescer cerca de 25% no último ano, quando registrou faturamento de R$ 20,5 milhões. O restante da produção é direcionado para suas marcas próprias vendidas no mercado interno e exportadas principalmente para a Europa. Diante dos bons resultados, a palavra do momento é expansão. A expectativa é de crescer outros 25% até o final de 2010. Muito disso, impulsionado por um plano de avançar nas prateleiras dos principais mercados do País, agora com sua marca própria, conquistando consumidores e provando que palmito não é tudo igual. “Queremos que a população saiba as diferenças entre um palmito de qualidade e os que são cultivados em situações precárias”, diz ele.

situações precárias”, diz ele. Tanta fartura se deve, em parte à localização privilegiada da empresa, instalada em meio à serra do Vale do Ribeira, no interior de São Paulo, mais precisamente no município de Juquiá. Ali, segundo dados do Ministério da Agricultura, se concentra um dos principais polos de produção do fruto da palmeira, responsável por 70% das 160 mil toneladas produzidas anualmente no Brasil, um dos maiores produtores e consumidores de palmito no mundo. Embora tenha uma produção pujante, que movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão ao ano, o segmento é marcado por denúncias. Grande parte do cultivo espalhado pelo País é feito de forma extrativista, uma prática ainda comum e que levou algumas variedades de palgarante meiras, como a juçara, a ficar em extinção. Diante disso, o momento é de transformação. Nos últimos anos, o mercado tem ficado mais exigente quanto à procedência e qualidade desse tipo de produto. E é justamente nesse vácuo que a Palmito Floresta, que planta e processa todo o palmito que produz, pretende aumentar sua participação. “Acredito que a tendência é que as empresas que não tenham boas práticas, tanto ambientais como de higiene, percam espaço no mercado. É nesse espaço que podemos crescer”, aposta Hojeije.

 

Em sua propriedade, todo o palmito é produzido por variedades de cultivo e não de forma extrativista. As mudas são produzidas na própria fazenda, o que palgarante um controle genético maior. “Produzimos cerca de 500 mil mudas ao ano. Nossos planos são de chegar a seis milhões de pés de palmeiras ainda em 2010.”

Toda a produção é monitorada e rastreada por sistemas informatizados, que garantem a procedência de cada material colhido. O manejo ainda inclui uso de inseticidas naturais e adubos orgânicos. Outro aspecto apontado como diferencial no modelo da empresa está no uso de áreas de pastagens abandonadas para a produção de palmito. “Isso ajuda no reflorestamento dessas áreas e no melhor aproveitamento do solo. Além de gerar um considerável aumento na absorção de CO2”, diz.

 

1 Manejo: para garantir o plantio de variedades produtivas, a empresa produz suas próprias mudas. Por ano, são cultivadas 500 mil plantas

2 Indústria: todo beneficiamento do produto é feito manualmente com rígido controle de sanidade

3 Certificação: depois de pronto, todas as operações são auditadas e um selo é emitido, provando a qualidade do produto