15/11/2020 - 7:19
Diferentes, mas nem tanto. Os planos de governo dos 13 candidatos à Prefeitura de São Paulo revelam semelhanças na escolha de prioridades, na formulação das propostas e até mesmo nas soluções encontradas. E isso vale para concorrentes da esquerda à direita da política.
É fato que a pandemia de covid-19 expôs necessidades quase que obrigatórias a todos os postulantes. Mas o enfrentamento do novo coronavírus e de suas consequências acabou por unir rivais em promessas bastante parecidas. Guilherme Boulos (PSOL) e Joice Hasselmann (PSL) exemplificam essa condição. Ambos propõem, por exemplo, abertura de bancos municipais para oferecer crédito a pessoas de baixa renda da periferia.
Antes aliada ao bolsonarismo e ainda defensora do liberalismo econômico, a deputada federal se rendeu ao papel do Estado em ações que gerem emprego e renda a partir da criação do “banco da mulher”. “Posso também negociar um formato com bancos privados, mas desde que seja sem custo extra”, afirmou a candidata, que ainda promete, se eleita, dar assistência técnica a mulheres que queiram empreender.
Boulos, que critica os “juros exorbitantes” cobrados no Brasil (apesar de a taxa básica de juros da economia estar em seu menor patamar histórico, de 2% ao ano), diz que a solução é incentivar o desenvolvimento de bancos comunitários a partir de fomento da Prefeitura. O candidato defende parcerias com bancos públicos para concessão de empréstimo facilitado.
Economia
Propostas relacionadas à pauta econômica dominaram boa parte dos debates. No início da campanha, em setembro, seis candidatos defendiam a concessão pelo município de um auxílio financeiro, seja de caráter emergencial ou permanente. Único com condições de colocar a proposta em prática, o prefeito Bruno Covas (PSDB) sancionou, durante a campanha, projeto que assegurou o repasse de R$ 100, por três meses, a 1 milhão de paulistanos.
Batalhando por uma vaga no segundo turno, Márcio França (PSB) e Celso Russomanno (Republicanos) também concordam em muitos temas, como isentar temporariamente o comerciante do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), ampliar o serviço de telemedicina, para atender mais rapidamente à longa fila por exames e consultas médicas, e criar um plano para reduzir a defasagem no ensino por causa da covid-19 – projeto compartilhado também por Arthur do Val (Patriota) e Marina Helou (Rede).
Das 15 promessas listadas pela reportagem como algumas das mais debatidas na campanha, uma delas une 11 candidatos: a necessidade de se trabalhar no âmbito municipal ações de combate à violência doméstica, especialmente a praticada contra a mulher.
“O fato de diferentes candidaturas terem propostas semelhantes pode ser considerado um aspecto positivo, no sentido de que se reduz o espaço para soluções mágicas na cidade, sem restringir, é claro, o espaço à inovação e às diferenças de postura política”, diz Igor Pantoja, assessor de mobilização da Rede Nossa São Paulo, entidade que este ano apresentou 50 metas aos candidatos.
Para Pantoja, momentos de crise evidenciam os pontos mais sensíveis da sociedade, por isso ideias como renda básica ou auxílio emergencial ganham espaço. “Constatar que a proposta de combater a violência contra a mulher está nos programas de 11 das 13 candidaturas é um sinal extremamente positivo, assim como outras metas, como zerar a fila de creches ou ampliar o uso da telemedicina.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.