O discurso do presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira, 20, nas Nações Unidas foi mais um palco para ele fazer campanha à reeleição, assim como ocorreu no 7 de setembro e nas visitas que fez ao Reino Unido para participar do funeral da rainha Elizabeth II, avalia Jacqueline de Oliveira, socióloga e especialista em opinião pública. “O presidente não consegue separar as ações de campanha das ações de chefe de Estado”, comenta. Na ONU, Bolsonaro atacou nesta manhã o PT e fez uma espécie de balanço de sua gestão.

Ela prevê que, diante da possibilidade de o principal rival, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vencer a eleição no primeiro turno, como apontou a pesquisa Ipec de ontem, com 52% dos votos válidos, Bolsonaro deve acirrar os ataques e continuar a usar na campanha eleitoral os eventos que participar como presidente. “É tudo material de campanha”, diz. Além disso, os ataques devem se intensificar também diante da boa reação do mercado ao apoio de Henrique Meirelles a Lula, declarado ontem.

+Ipec: Lula tem 47% das intenções de voto, e Bolsonaro tem 31%

A socióloga, contudo, avalia que Bolsonaro “fala para convertidos”, embora a tentativa do candidato à reeleição seja de ampliar o eleitorado. “Ele não inovou no discurso na ONU, são as mesmas narrativas.”