A proximidade com as eleições gerais de outubro serviu de impulso para o crescimento econômico do segundo trimestre, com efeitos sobre a indústria da construção civil, pela ótica da oferta, e sobre os investimentos, pela ótima da demanda, afirmou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesta quinta-feira, o IBGE divulgou os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, apontando avanço de 1,2% sobre os três primeiros meses do ano.

O motor do PIB foram o setor de serviços e o consumo das famílias, mas a indústria também avançou, com alta de 2,2% ante o primeiro trimestre. Dentro do setor, a indústria da construção cresceu 2,7% nessa base de comparação – e saltou 9,9% sobre o segundo trimestre de 2021. Na comparação com os trimestres imediatamente anteriores, são oito altas seguidas.

Segundo ela, o movimento de retomada ganhou impulso em meio à pandemia. Neste ano, a retomada recebeu o impulso adicional da maior demanda das obras públicas, por causa das eleições.

Mesmo assim, a recuperação está longe de apagar o tombo na atividade da construção, que vem com desempenho negativo desde a recessão de 2014 a 2016, que atingiu em cheio o setor – no epicentro das investigações sobre corrupção. Com a retomada desde 2020, o nível de atividade da construção já está 12,5% acima do registrado no quarto trimestre de 2019, antes da pandemia. Só que ainda longe, 23,7% abaixo, do pico da atividade, registrado no primeiro trimestre de 2014, antes da recessão.

Isoladamente no segundo trimestre deste ano, o desempenho da construção se refletiu nos investimentos. A formação bruta de capital fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) cresceu 4,8% na comparação com o primeiro trimestre e 1,5% ante o segundo trimestre de 2021.