A perda de fôlego da atividade industrial, que registrou em setembro o segundo mês de queda, parece estar mais associada à fraqueza da demanda do que às restrições de oferta, avaliou nesta terça-feira, 1º de novembro, o gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo.

Conforme a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada mais cedo pelo IBGE, a indústria encolheu 0,7% em setembro ante agosto, na segunda queda consecutiva. Em agosto, a produção industrial caiu 0,7% ante julho, conforme dado revisto pelo IBGE.

Mais do que a sequência de quedas, Macedo chamou a atenção para o fato de que o mau desempenho foi generalizado em setembro. A queda foi registrada em 21 dos 26 ramos industriais pesquisados pela PIM-PF.

Para Macedo, a fraqueza da demanda tem pesado mais no desempenho recente porque as restrições de oferta melhoraram, na comparação com o que já foram, em 2021. Tanto que a produção industrial cresceu 0,4% na comparação com setembro de 2021, diante de uma baixa base de comparação, já que, naquele mês, a atividade havia caído 4,1% ante setembro de 2020.

“Quando comparado com o passado recente, talvez as questões de demanda sejam mais importantes para entender a perda de intensidade”, afirmou Macedo, destacando que é difícil estimar, pelos dados disponíveis, quais problemas têm maior peso. “Entendo que neste momento a questão da demanda tem importância maior para entender a perda de intensidade”, ressaltou o pesquisador.

Entre as restrições à demanda, Macedo citou a elevação dos juros, diante do aperto na política monetária, empreendido pelo Banco Central (BC), a fraqueza do mercado de trabalho, que, mesmo com melhora recente, ainda é marcado pela informalidade, e o “ambiente de incerteza” na economia.