01/02/2010 - 0:00
O silêncio é total nos corredores da Bunge, a maior multinacional do agronegócio no Brasil, com uma receita de US$ 14 bilhões no País. Apenas um burburinho e muita gente correndo para baixo e para cima é o que se vê. Sim, a empresa tem um novo chefe. Pedro Parente, ex-ministro da Casa Civil do governo FHC, é o novo capitão da empresa e a sua contratação indica que a trading pretende pisar no acelerador. Parente tem uma larga atuação nos setores público e privado, e recentemente trabalhava como vice-presidente do Grupo RBS, um dos maiores conglomerados de mídia do País. Durante anos, ele atuou como presidente do conselho de administração da Petrobras, o que dá indícios do porquê dessa escolha. Até o fechamento desta edição, Parente não havia concedido entrevistas e, segundo apurou DINHEIRO RURAL, seu trabalho tem se concentrado não só em conhecer mais a fundo a companhia que dirige, mas também em alinhar alguns negócios em curso. Segundo uma fonte da empresa, a Bunge vai focar suas atividades em setores com os quais tem mais intimidade, ligados ao campo. As operações com fertilizantes, hoje comandadas pelo executivo Mário Barbosa, devem ser vendidas à Vale, que pretende ampliar sua presença nesse setor. Porém, a grande missão de Parente será conduzir a empresa ao topo da lista dos produtores de etanol, numa ação que começou de forma lenta e gradual, mas que a cada dia ganha musculatura.
No fim do ano passado, dias antes de Parente assumir o cargo, a empresa anunciou a compra de 100% da Usina Moema Participações S.A., holding que possui a totalidade de uma usina de cana-de-açúcar no Brasil e participações em outras cinco. A capacidade anual de esmagamento das seis usinas do grupo Moema é de 15,4 milhões de toneladas. “A transação cumpre o objetivo da Bunge de construir um negócio integrado de açúcar e bioenergia de grande escala”, disse Alberto Weisser, chairman e CEO da Bunge Limited. Essa não foi a primeira transação da empresa no setor.
A entrada da empresa no mercado de etanol aconteceu em 2007, com a aquisição da Usina Santa Juliana, com capacidade para moer seis milhões de toneladas de cana. No Tocantins, segundo informações do governo do Estado, em 2011 entram em atividade três novas usinas, em investimentos de mais de R$ 1 bilhão.
Pedro Parente: chega para comandar a Bunge num processo de crescimento em bioenergia
Mas ao que tudo indica a empresa não se focará apenas no etanol. Na área de alimentos, alguns reforços foram feitos. Gilberto Tomazoni, exexecutivo da Sadia, é o novo vicepresidente da área de food service, um setor sensível à companhia. Em junho do ano passado, a empresa concluiu um projeto de R$ 150 milhões em Nova Mutum (MT), um dos mais importantes polos de soja do País. A Bunge Alimentos está produzindo óleo degomado de soja e farelo para os mercados interno e externo.
Segundo analistas ouvidos por DINHEIRO RURAL, a empresa não deve ceder em suas operações de trading, mas muito provavelmente irá investir cada vez mais em produtos de maior valor agregado. “A empresa está reforçando o seu time de executivos e implementando novas ações que indicam uma postura mais agressiva”, pondera Vicente Ferraz, da AgraFNP. Para este ano, a empresa pretende crescer 10%.