03/09/2019 - 14:45
Os primeiros efeitos concretos da visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, realizada em março, já começam a aparecer. Em maio, na reunião da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), os Estados Unidos declararam formalmente seu apoio à entrada do Brasil na entidade. Esse era um dos compromissos anunciados no encontro entre os dois presidentes. Para o Brasil, entrar na OCDE significa conquistar um “selo” de qualidade. Os elevados padrões econômicos e de políticas públicas da organização vão estimular a realização de reformas internas, além de aumentar a credibilidade externa e reduzir o risco país. Além disso, permitirá ao Brasil participar diretamente da elaboração de recomendações sobre as melhores práticas internacionais em áreas que vão de comércio e agricultura a meio ambiente e educação. Tudo isso contribuirá para atrair novos investimentos estrangeiros e para aprofundar a integração do Brasil com o mundo.
Esse é só um exemplo do que podemos ganhar com uma parceira mais próxima com os Estados Unidos. O país não pode perder um momento tão favorável de aproximação bilateral. A economia brasileira tem muito a ganhar ao se inserir a uma cadeia produtiva, sofisticada e de alto valor agregado, como é a americana. De aviões a máquinas, os Estados Unidos são o nosso maior comprador de produtos manufaturados e de serviços e podemos aumentar ainda mais a competitividade de nossas empresas se criarmos uma integração comercial mais efetiva.
Isso não significa privilegiar países em detrimento de outros. Trata-se de adotar estratégias distintas e complementares, buscando explorar da melhor maneira as oportunidades que existem no mercado mundial. Temos grandes e importantes parceiros comerciais. A diversificação de destinos e origens de comércio e investimentos é fundamental. A China, por exemplo, é o principal comprador de nossas commodities como soja, milho e minério de ferro, bem como um investidor crescente na economia brasileira.
Mas, no caso dos Estados Unidos, as empresas americanas investiram US$ 3,6 bilhões em companhias brasileiras, no ano passado. O montante significa um quarto do total de investimentos no País. Ao todo, essas companhias geraram US$ 37,2 bilhões em valor agregado ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e criaram cerca de 600 mil empregos por aqui. Em contrapartida, os investimentos brasileiros nos Estados Unidos vêm crescendo ano após ano. Entre 2008 e 2017, o estoque de investimentos nacionais naquele país aumentou quase cinco vezes, alcançando US$ 42,8 bilhões. Comparado à China, Índia, Rússia e México, o Brasil é o segundo país emergente que mais gera empregos nos Estados Unidos.
Hoje, o mercado americano oferece diversas oportunidades de valor agregado para as empresas brasileiras. Em uma pesquisa nacional, realizada pela Amchan Brasil com 252 presidentes e diretores de empresas associadas ao organismo, um dia antes da visita do presidente Bolsonaro aos Estados Unidos, os executivos responderam que as áreas que mais gostariam de investir são commodities, serviços e bens de consumo. Em contrapartida, o mercado brasileiro tem as melhores oportunidades em infraestrutura, tecnologia da informação, commodities, aviação e aeroespacial.
O encontro entre os dois presidentes inaugurou um novo momento na relação bilateral, com maior convergência política e com resultados importantes. Agora, o principal desafio é fazer com que esse novo patamar de relacionamento se traduza em avanços concretos e ambiciosos, do ponto de vista comercial e de investimentos entre os dois países. Temos grandes cadeias produtivas, pessoas qualificadas e potencial para aumentar o protagonismo do Brasil no comércio internacional. A maior aproximação com os Estados Unidos traria benefícios e um impulso ao desenvolvimento econômico e social de ambos os países. Teremos condições de chegar lá, com esforço coordenado entre o setor privado e o governo.