Parlamentares reagiram ao afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, do cargo na manhã desta sexta-feira, 28. Pelas redes sociais, representantes da bancada do Estado, opositores e governistas comentaram a ação, que, além do governador, mira ainda o vice-governador, Cláudio Castro, e o presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo.

Senador pelo Rio e adversário de Witzel nas eleições de 2018, Romário (PODE-RJ) destacou o fato do governador estar sendo afastado por suspeitas de irregularidades na saúde em plena pandemia. “O estado do Rio de Janeiro merecia um histórico melhor. Inclusive eu avisei, tô com a minha consciência tranquila”, disse, em rede social.

Aliados do presidente Jair Bolsonaro – que nos últimos meses se tornou desafeto do governador -, os deputados cariocas Otoni de Paula (PSC) e Luiz Lima (PSL) comemoraram o afastamento de Witzel. “O Rio de Janeiro amanhece sem Wilson Witzel no Governo. O governador caiu!!!! Nós CONSEGUIMOS”, escreveu de Paula, enquanto Lima afirmou que “Sextou” para Witzel.

Deputado federal pelo Cidadania, Marcelo Calero (RJ) também usou as redes para comentar o caso. Calero lamentou uma nova operação contra líderes do Executivo e classificou a situação como “lamentável e triste”. “Mais um governador afastado. A cúpula do poder mais uma vez na mira da PF. Políticos investigados por esquemas de corrupção na saúde, em plena pandemia! Um sujeito eleito com o discurso da moralidade! É lamentável e triste, mas parece q no Estado do RJ vivemos em looping eterno”, disse.

Oposição a Witzel no plano estadual e a Bolsonaro no plano federal, o deputado David Miranda (PSOL-RJ) aproveitou a operação contra o governador para lembrar do vínculo entre Witzel e o presidente durante a campanha eleitoral de 2018. “O protofascismo que elegeu Witzel e Bolsonaro se valeu do combate à corrupção pra eleger milicianos, ladrões do dinheiro público e exploradores da fé do povo. Canalhas!”, escreveu. E completou: “é impressionante, são criminosos: os filhos do Bolsonaro, o melhor amigo do Bolsonaro, os vizinhos do Bolsonaro, o pastor que batizou o Bolsonaro, o governador que Bolsonaro elegeu. Mas o Bolsonaro não, né?!”

A deputada Clarissa Garotinho (PROS-RJ) fez uma declaração crítica, afirmando que ninguém está acima da lei, “mesmo aqueles que se disfarçam por trás de uma Toga”. Clarissa também disse que “Nunca se viu na política uma ascensão e queda tão meteórica quanto a do governador Wilson Witzel, agora afastado do cargo pelo STJ”.

Organização criminosa

O ministro do Superior Tribunal de Justiça Benedito Gonçalves, relator da Operação Placebo, decidiu afastar o governador Wilson Witzel, do cargo por 180 dias, em razão de supostos desvios da Saúde do Estado.

O Ministério Público Federal (MPF) apontou que a operação deflagrada na manhã desta sexta-feira foi batizada de “Tris in Idem” em “referência ao fato de se tratar do terceiro governador do Estado que se utiliza de esquemas ilícitos semelhantes para obter vantagens indevidas”.

“A partir da eleição de Wilson Witzel, estruturou-se no âmbito do governo estadual uma organização criminosa, dividida em três grupos, que disputavam o poder mediante o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos. Liderados por empresários, esses grupos lotearam algumas das principais pastas estaduais – a exemplo da Secretaria de Saúde – para implementar esquemas que beneficiassem suas empresas”, afirmou a Procuradoria em nota.

Além das medidas da “Tris in Idem”, o ministro do STJ Jorge Mussi autorizou, no âmbito de outro inquérito, o cumprimento de 12 mandados de busca e apreensão no Piauí, com o objetivo de coletar provas sobre suposto esquema de nomeação de funcionários fantasmas no governo fluminense para desvio de dinheiro público.

Defesa

“A defesa do governador Wilson Witzel recebe com grande surpresa a decisão, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade. Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis”, afirma nota divulgada pelos advogados do governador na manhã desta sexta-feira.