19/04/2013 - 13:38
Na pequena Santo Antônio da Patrulha, município de 39 mil habitantes a 80 quilômetros de Porto Alegre, no litoral do Rio Grande do Sul, um tradicional empresário do ramo industrial está fazendo a diferença na pecuária. Marco Antônio Costa, do grupo Terra Costa, dono da fabricante de guindastes Argos, decidiu investir pesado também em bovinos da raça angus. Em fevereiro, depois de cinco anos como criador, Costa inaugurou a primeira central gaúcha de transferência de embriões, regularizada pelo Ministério da Agricultura. “A raça angus tem avançado muito, mas acredito que ainda há um grande campo para a inovação na pecuária”, diz Costa.
A central foi aberta na cabanha Terra Costa, propriedade de 220 hectares, na qual são criadas 150 fêmeas. Entre elas, 30 são doadoras de embriões. Até o próximo ano, Costa pretende investir mais R$ 1 milhão e elevar para 50 a quantidade de fêmeas top de seleção. A média de preço de uma fêmea de aluguel, prenha de uma doadora, é de cerca de R$ 4 mil – o embrião sai por cerca de R$ 1,2 mil. O projeto é produzir 200 embriões neste ano e 300 em 2014.
A central também está preparada para alojar até 20 fêmeas doadoras de outros criadores. “Podemos prestar serviço de coleta a criadores da raça”, diz Costa. Conhecimento do negócio ele já tem. Antes de optar pelo angus, Costa era criador de cavalo crioulo, raça predominante no mercado gaúcho de equinos. Na verdade, foi com o objetivo de produzir embriões de cavalos que ele construiu um laboratório na fazenda. Mas, logo em seguida, em 2006, o negócio virou. “O angus tem um mercado em plena ascensão”, diz o criador. Para o cruzamento industrial com o nelore, a raça é a preferida pelos pecuaristas que integram os programas de carne de qualidade dos frigoríficos, como o do grupo Marfrig. Em decorrência do aumento da demanda por carne, nos últimos três anos a venda de sêmen da raça cresceu quase 65%, segundo dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), passando para 2,8 milhões de doses, ante 1,7 milhão em 2010.
Em busca de animais de qualidade superior, a central gaúcha mantém uma rotina mensal de dez doadoras coletadas, com uma média de quase sete embriões produzidos por etapa. O veterinário Dimas Rocha, assessor técnico da cabanha e da Associação Brasileira de Angus (ABA), afirma que há mais de 100 embriões em estoque, disponíveis para a venda. “A garantia dada ao comprador é de 50% de prenhez”, diz.
Mas Costa não é somente um vendedor de genética. Com a abertura da central, ele vem aumentando os investimentos em importação. No ano passado, o pecuarista foi aos Estados Unidos, país em que a raça angus predomina nas centenas de confinamentos, para escolher doadoras de embriões compatíveis com a demanda do mercado brasileiro. “O foco é o angus de pelo fino, curto e de fácil adaptação ao País”, diz Costa. Nos Estados Unidos, ele comprou 25 embriões que deverão chegar ao País em agosto. O criador também tem se abastecido com genética argentina, uruguaia e canadense, para atender a vários perfis de criadores, dos animais de elite aos de pasto destinados à produção de carne.
Das investidas no mercado internacional, o melhor resultado obtido até agora é fruto de uma parceria com a cabanha Três Marias, a mais premiada e famosa produtora de angus da Argentina. Em 2009, Costa adquiriu a novilha Areia Três Marias por US$ 200 mil, que permanece na Argentina até hoje. Nos dois anos seguintes, Areia foi a campeã da Feira de Palermo, em Buenos Aires, a mais importante exposição agropecuária do país. Segundo Rocha, os prêmios credenciam a fêmea a estar entre os mais importantes animais da raça no mundo. “No ano passado, uma única prenhez de Areia foi vendida por R$ 50 mil”, diz. Em novembro nascerá o bezerro de parto natural, que será enviado ao Brasil para a cabanha Terra Costa.