O corpo do assassino em série conhecido como “Pedrinho Matador”, de 68 anos, foi encontrado neste domingo, 5, em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. A polícia investiga o caso, conforme a Secretaria de Segurança Pública (SSP), e ele foi registrado como homicídio qualificado.

A SSP informou que policiais militares foram chamados para atender a ocorrência na Rua José Rodrigues da Costa. A vítima foi atingida por disparos de arma de fogo e os suspeitos fugiram logo após o crime, afirmou.

Pedro Rodrigues Filho ganhou notoriedade na década de 1980 quando foi condenado a quase 300 anos de prisão – alterado em 2019, o Código Penal brasileiro não permite que alguém cumpra pena privativa de liberdade por mais de 40 anos – por matar dezenas de pessoas, além de outros crimes, como roubo, de acordo com matéria do Estadão, publicada na edição do dia 26 de agosto de 1986, disponível no Acervo do jornal. O texto conta com entrevista com o então detento.

“(…) Não mexo com ninguém, levo minha vida. Mas se atravessarem meu caminho, mato mesmo. Todos que matei quiseram me desafiar, me enfrentar. Quando dou meu primeiro golpe, não me controlo mais. Sou assim mesmo. Mato, mato e mato”, disse à reportagem naquela época.

“Não tenho nenhum arrependimento. Mato e é tudo natural”, afirmou. “Não temo nada. Nunca temi. Desde que fugi de casa e cai no mundo. O importante é estar preparado. Tenho uma força que me ajuda a matar. Mas esse assunto é segredo.”

De acordo com o texto, Pedro fugiu de casa, em Mogi das Cruzes, aos 9 anos, e nunca mais parou. A fuga ocorreu pois não aguentava o pai, bêbado, que agredia a mãe.

Pedro costumava fazer assaltos na zona leste e na região central da capital paulistana. Neste momento, vivia em hotéis nos arredores do Parque Dom Pedro II, na Sé.

As primeiras mortes orquestradas por ele teriam ocorrido quando ele tinha apenas 11 anos. Executou o traficante Jorge Galvão, seu irmão e cunhado, com uma arma de fogo. “Não acreditaram em mim, um menino magro, que mal conseguia segurar a automática”, disse ao Estadão.

Em 2004, após 31 anos na cadeia, o Estadão voltou a entrevistá-lo. Questionado pelo repórter Fausto Macedo se teria medo do que encontraria lá fora quando solto, Pedro dizia que não. “Eu procuro saber de tudo lá fora. E tenho família, tenho os amigos, muitos, muitos, é tudo crente, eles vão me ensinar tudo de novo.”

Fora da cadeia

Fora da prisão, Pedro se converteu e se tornou religioso, conforme mostra canal do YouTube chamado “Pedrinho Ex Matador com Jesus”, que compartilhava vídeos do ex-detento e conta mais de 27 mil inscritos. Em postagem do ano passado, o canal anunciava a “morte” de Pedrinho Matador. O vídeo mostrava imagens capturadas durante batismo de Pedro.