Bom, barato e eficaz. Esses três adjetivos têm sido usados há 55 anos pelo negócio criado pelo professor de medicina veterinária Uriel Franco Rocha, especialista em parasitologia da Universidade de
São Paulo. O pesquisador desenvolveu uma solução para melhorar a produtividade dos criadores de gado que ajuda a combater os males que acometem os rebanhos nos campos pelo País e dificultam a engorda do boi. Foi a partir dessa invenção que nasceu a Champion Saúde Animal, baseada desde 1997 no município goiano de Anápolis. As inovações da companhia estão sendo cada vez mais procuradas pelos criadores do Brasil e do exterior. Prova disso é que, em 2013, a empresa registrou aumento de 65% em seu faturamento, em relação a 2012, e deve apresentar mais 30% de incremento neste ano, batendo na casa dos R$ 80 milhões. “Iremos alcançar a meta de R$ 100 milhões em 2015, um ano antes do previsto”, afirma Flávio Alves da Rocha, filho do fundador e diretorpresidente da Champion, vencedora do Agronegócio Direto – Pequenas Empresas no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2014. “Isso mostra que estamos no caminho certo.”

A principal especialidade da Champion é a solução para combater carrapatos e a mosca do chifre, dois dos principais parasitas que prejudicam a engorda do gado no campo. O diferencial do Difly, o principal produto comercializado pela empresa, na comparação com os produtos de seus concorrentes é que deve ser consumido como um complemento junto com a ração e o sal oferecidos para o boi, sem necessidade de transporte do animal para um local de aplicação de inseticida. “A cada deslocamento do gado, o animal chega a perder uma arroba, o equivalente a R$ 136, em média”, afirma Gustavo Sette da Rocha, neto do fundador Uriel e diretor de operações da companhia. “O produto que oferecemos busca reduzir esse prejuízo no tratamento do rebanho, já que atuamos no local onde vive o boi.” O produto age diretamente no ciclo de criação do parasita, matando os insetos ainda quando são larvas. A companhia também apresenta vermífugos e suplementos que aceleram a engorda do boi, assim como produtos voltados para cavalos e ovelhas.

Além de ultrapassar a barreira dos R$ 100 milhões de receitas, a Champion deverá introduzir mudanças em sua operação, no ano que vem. Para o presidente Flávio da Rocha, está na hora de a empresa ir
além e oferecer mais do que o produto para agregar serviços. A companhia está estudando a implantação de modelos de soluções completas, que vão incluir o produto, sua aplicação e ainda o financiamento para criadores interessados em melhorar a produtividade nos pastos. “Não estamos tentando fazer uma revolução na criação do gado, mas fazer esse mercado evoluir”, afirma Rocha. A ideia é participar de todo o projeto de melhora da criação, compartilhando os resultados com os clientes pecuaristas. “Novidades como essa só são possíveis porque temos a união do conhecimento do meu avô, do meu pai e, agora, da minha experiência no setor financeiro”, diz Gustavo. Essa troca de experiências entre gerações à frente da Champion também é usada para administrar a companhia. Segundo ele, a empresa busca fazer uma administração enxuta, com forte controle dos gastos. “Os funcionários estão sempre envolvidos no controle de custos, o que gera economia e mais resultados para todos”, afirma.

A exemplo da Champion, a política de engajamento dos empregados também é praticada na fabricante de laticínios Trevo Alimentos, de Sete Lagoas (MG). A companhia, que deve fechar este ano com R$ 96
milhões de faturamento, resolveu estimular a criatividade do pessoal, mediante a apresentação de sugestões de melhoria. A ideia, no jargão da empresa, que teve a Melhor Gestão Corporativa no Agronegócio Direto – Pequenas Empresas, é que cada um saia de seu casulo e se acostume a pensar grande, privilegiando o todo. “A visão adotada pela direção foi um divisor de águas”, afirma
Marcelino de Rezende, diretor-geral da Trevo. “Vimos que em um mercado de alto nível de exigências a gestão é o que faz a diferença.” Uma das iniciativas foi contratar a Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte, encarregada de disseminar na empresa as melhores práticas de gestão. A primeira mudança estabelecida pelos acionistas foi buscar a profissionalização da companhia. “A divisão entre CPF e CNPJ tem de ficar muito clara na Trevo”, diz Rezende. Esses fatores fizeram com que a companhia fosse consagrada com o prêmio de melhor gestão corporativa entre as pequenas empresas de agronegócio direto. 

Em 12 anos de existência, este será o primeiro em que a empresa não deve apresentar aumento de produção e vendas, de acordo com Rezende. No entanto, segundo o executivo essa pausa no crescimento
estava prevista no planejamento da Trevo. “Estamos em um ano de rentabilizar o negócio para sustentar os novos crescimentos pela frente”, afirma ele. Em 2014, a companhia investiu R$ 4 milhões na
melhora de processos e na produtividade. E espera que esses resultados comecem a aparecer em 2015. Uma das metas é ampliar a cobertura dos mercados que a Trevo atende com suas marcas Trevinho, 
Apreciare, Pulsi e Rural. Hoje, ela opera nos mercados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás e Distrito Federal. “Vamos dar mais atenção também às redes de varejo”, afirma Rezende. Outra
meta estabelecida para o próximo ano é a ampliação da linha de produtos, como a entrada no segmento de sobremesas lácteas.