30/09/2022 - 22:06
Integrantes da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que o último debate entre presidenciáveis, transmitido pela Globo, abriu frentes para estabelecer alianças em caso de segundo turno. A mais natural é a conversa com Simone Tebet (MDB), mas petistas também apostam no distensionamento com o PDT, de Ciro Gomes, e esperam que o embate entre Jair Bolsonaro (PL) e Soraya Thronicke dificulte uma futura aliança entre o atual presidente e o União Brasil, partido da senadora.
Nos bastidores, a campanha de Lula considera que conseguirá atrair Simone Tebet para o palanque em caso de segundo turno. O MDB está rachado nas eleições deste ano e parte da legenda apoia o petista já no primeiro turno. O debate, dizem os aliados de Lula, corroborou a percepção de que é possível dialogar com a senadora em busca de apoio. A despeito de fazer críticas à polarização entre Lula e Bolsonaro, Simone foi uma das candidatas mais assertivas nas cobranças ao atual presidente e travou com o petista um dos únicos momentos de pergunta e reposta propositiva, sobre meio ambiente.
Além disso, os petistas elogiaram o desempenho da candidata do MDB em todos os debates presidenciais.
Ciro Gomes, por sua vez, já declarou que não apoiará Lula em caso de segundo turno entre o ex-presidente e Bolsonaro. Ex-aliado do petista, Ciro tem mostrado ressentimento com a estratégia do PT de tentar captar voto útil na reta final para liquidar a eleição já no primeiro turno. A campanha de Lula sonhava com uma aproximação com o pedetista, mas a ilusão foi desfeita quando Ciro elevou o tom dos ataques ao PT, colocando em xeque a honestidade de um filho do ex-presidente e afirmou que há um “fascismo de esquerda” nesta eleição.
A despeito disso, um dos coordenadores da campanha de Lula considera que o ex-presidente não partiu para cima de Ciro no debate na Globo, o que tende a facilitar o diálogo com o PDT. Lula já afirmou que uma possível aproximação seria feita através dos presidentes dos partidos, descartando Ciro Gomes da tratativa com o PT.
A situação com o União Brasil é mais complexa. O partido é fruto da fusão entre o DEM e o PSL, antiga sigla de Bolsonaro. Rompido com o ex-aliado, o atual presidente da legenda, Luciano Bivar desistiu de se lançar candidato e passou a negociar apoio a Lula. A sigla, no entanto, não abraçou o movimento e manteve candidatura própria, desta vez através de Soraya.
A forma como Bolsonaro se referiu à candidata no debate da quinta-feira, 29, no entanto, alimenta entre petistas a ideia de retomar, em caso de segundo turno, as conversas com o partido. Bolsonaro disse que Soraya Thronicke estava fazendo papel de “laranja” e que ela “gosta de cargos, deitar e rolar”.