28/04/2022 - 10:51
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira, 28, uma operação batizada como “Abusou” contra suposta organização criminosa que produz e vende fotos e vídeos de pornografia infantil a sites da chamada deepweb. De acordo com os investigadores, mais de 120 crianças e adolescentes brasileiras, com idades que variam entre 4 e 18 anos, foram identificadas nas imagens, até o momento.
O Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil analisa cerca de 200 mil arquivos de imagens e vídeos ligados ao grupo suspeito. Durante as diligências, os agentes prenderam preventivamente um homem apontado como principal fotógrafo do grupo. Ele também é acusado da prática de crimes sexuais.
Segundo os investigadores, o fotógrafo induzia garotas a trocarem de roupa em seu carro e em seu estúdio fotográfico, onde haveria espelhos e câmeras estrategicamente posicionadas para registrá-las nuas.
A PF ainda vasculha dez endereços ligados aos investigados em Balneário Camboriú (SC), Santana do Parnaíba (SP), São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. As ordens foram emitidas pela 1ª Vara Federal de Itajaí (SC), que ainda determinou o sequestro e bloqueio de bens dos suspeitos.
Segundo a corporação, dez pessoas foram indiciadas, no âmbito da investigação, pelos crimes de organização criminosa, violação sexual mediante fraude, importunação sexual, assédio sexual, registro não autorizado da intimidade sexual, disponibilização de material pornográfico e estupro de vulnerável.
A PF diz ainda apurar o valor total da comercialização das imagens, que “aconteceu por muitos anos, por diferentes meios de pagamentos, como cartões de crédito, transferências internacionais e, mais recentemente, também por criptomoedas”.
As investigações identificaram que o grupo atua desde 2001, “convencendo meninas a serem filmadas e fotografadas com roupas de banho e sem peças íntimas, sob a promessa de que o material seria utilizado para agenciamento de modelos em trabalhos de moda e publicidade”.
No entanto, de acordo com a PF, as imagens, nomes e perfis de redes sociais eram vendidas na deepweb, por meio de sites na internet controlados pelo grupo em países como a República Checa, Estados Unidos e Rússia. Os investigadores também dizem ter identificado que os arquivos eram compartilhados por “indivíduos que expressavam interesse em abuso sexual infantil e também em fazer contato com as garotas”.
Durante as apurações que culminaram na Operação Abusos, a PF contou com o apoio do Secretariado Geral da Interpol, baseado em Lyon, na França. Segundo a corporação, as imagens das menores eram reportadas por estarem associadas a pornografia infantil e serem catalogadas no banco de imagens de exploração sexual infantil da polícia internacional.
As investigações também foram abastecidas com informações fornecidas pela Agência de Investigações de Segurança Interna dos Estados Unidos (Homeland Security Investigations – HSI). Segundo a PF, diversos integrantes da organização criminosa são cidadãos norte-americanos condenados por crimes sexuais contra crianças.