13/08/2020 - 12:24
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta, 13, a Operação Vírion para desarticular uma quadrilha que teria se formado durante a pandemia com o objetivo de fraudar licitações de produtos e serviços para o combate ao novo coronavírus em Roraima. Segundo a corporação, as contratações suspeitas de irregularidades envolveriam R$ 50 milhões utilizados na aquisição de insumos médico-hospitalares básicos, respiradores, testes rápidos, material informativo impresso e leitos em hospitais particulares.
Entre os alvos da operação está o ex-secretário de Saúde Francisco Monteiro Neto e o deputado estadual Jefferson Alves (PTB-RR). A PF faz buscas na Secretaria de Saúde do Estado e também do gabinete de Alves na Assembleia Legislativa de Roraima. Em fevereiro, o parlamentar ficou conhecido por derrubar, com uma motosserra e um alicate de pressão, um bloqueio da base indígena que controlava o acesso à BR-174, que liga Manaus (AM) a Boa Vista (RR).
Mais de 150 policiais federais, com apoio de servidores da Controladoria-Geral da União (CGU), cumprem 36 mandados de Busca e Apreensão no Distrito Federal e em oito Estados: Amazonas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pará, Roraima e Santa Catarina. Em Roraima, a Secretaria de Saúde está entre os alvos de buscas.
“O inquérito policial aponta que um ex-secretário de saúde de Roraima, enquanto no cargo, teria se articulado com um deputado estadual e direcionado contratações para empresas integrantes do esquema, inclusive promovendo o rateio de percentuais de quanto seria direcionado a quais empresas”, afirmou a PF em nota.
Segundo a corporação, o parlamentar solicitaria a servidores que dessem andamento aos processos e pagamentos de seu interesse, inclusive cobrando pagamentos antecipados destinados às empresas do esquema. Um ex-deputado estadual também atuaria na organização, diz a Polícia Federal.
As investigações sugerem que a organização criminosa se aproveitaria da possibilidade de contratações diretas, em razão da pandemia, para facilitar os crimes. “Verificou-se que os procedimentos não seguiam ordem cronológica, de forma que processos mais antigos seriam preteridos em favor dos de interesse do grupo, bem como teriam o trâmite concentrado em único setor da Secretaria de Saúde, sem qualquer transparência ou publicações”.
Segundo a PF, a Controladoria-Geral da União identificou diversos indícios da prática de sobrepreço e de irregularidades nas contratações e nos pagamentos. Além disso, a CGU também identificou uma falta de transparência na execução dos recursos federais destinados à Roraima, o que dificulta a própria fiscalização dos gastos, diz a corporação.
O nome da operação faz referência ao ‘estágio’ do vírus ‘quando ele se encontra em sua forma infectiva’, informou ainda a Polícia Federal.