A Polícia Federal abriu na manhã desta terça-feira, 28, duas operações contra suspeitos de financiarem o garimpo ilegal e comercializarem ouro extraído das Terras Indígenas Yanomami, em Roraima, e Sararé, em Mato Grosso. As ofensivas foram batizadas Nau dos Quintos e Peixe Grande e cumprem, ao todo, 10 ordens de busca e apreensão, além de quatro mandados de prisão.

A investigação conduzia em Roraima mira investigados que teriam movimentado R$ 271 milhões em quatro anos. A apuração foi aberta após denúncia anônima apontar que o dono de uma loja de materiais de construção estaria usando a empresa para lavar dinheiro ligado à compra de ouro ilegal.

Segundo a PF, a movimentação dos investigados ‘endossaram as suspeitas’, uma vez que foi identificado o recebimento de valores de centenas de pessoas e empresas ligadas ao comércio de minerais – algumas alvos de outras ações da corporação.

O dono da empresa de material de construção sob suspeita teria movimentado R$ 162 milhões. Ainda de acordo com os investigadores, outro investigado, que tinha rendimentos de R$ 40 mil, teria movimentado em suas contas mais de R$ 12 milhões.

Ao todo, a Nau dos Quintos faz três buscas por ordem da 4ª Vara Criminal da Justiça Federal em Roraima. Foi também determinado o bloqueio de bens dos investigados. O nome da ofensiva, segundo a PF, faz referência ‘à embarcação responsável pelo transporte da parcela do ouro retirado do Brasil destinada a Portugal durante o período colonial’.

Já a Operação Peixe Grande tem base em Mato Grosso e vasculhou sete endereços nas cidades de Pontes de Lacerda e Confresa, em Mato Grosso, e em São José do Rio Preto, em São Paulo. A ofensiva também visa cumprir quatro ordens de prisão.

Até o momento, dois investigados foram localizados, entre eles o alvo principal da ação. Este último comprava ouro ilegal da Terra Indígena Sararé e o revendia para outros comerciantes. Segundo a PF, o investigado recebeu auxílio emergencial.

A apuração mira supostos crimes de extração ilegal de ouro, usurpação de matéria-prima pertencente à União Federal e sua comercialização irregular no mercado, inclusive com remessa do minério a São Paulo. Entre os alvos da investigação estão pessoas que ‘esquentam’ o ouro extraído ilegalmente da Terra Indígena Sararé, situada no município de Pontes e Lacerda.

O inquérito é derivado de informações da Operação Rainha do Sararé, aberta em agosto de 2022. Análise de dados financeiros do bojo de tal investigação apontou, em menos de três anos, movimentações suspeitas de mais de R$ 47 milhões, fragmentadas em várias transações.