29/07/2020 - 15:01
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta, 29, a Operação Carranca para investigar exploração ilegal de madeira nos municípios de Brasil Novo, Medicilândia e Uruará, localizados no interior do Pará. Segundo os investigadores, o esquema contava com fraudes em guias florestais e corrupção de servidores públicos, entre eles policiais e funcionários das Secretarias municipais de Meio Ambiente.
Cerca de 100 agentes cumprem 14 mandados de medidas cautelares diversas da prisão, 7 mandados de afastamento do emprego ou função pública, 4 mandados de suspensão da atividade de natureza econômica, 7 mandados de sequestro de bens e 25 mandados de busca e apreensão.
As ações são realizadas nas cidades de Uruara, Altamira, Belém, Brasil Novo, Marabá e Novo repartimento.
Durante as buscas, os investigadores encontraram o celular de um ex-secretário municipal de meio ambiente de Uruará dentro de um vaso sanitário.
Segundo a corporação, o nome da operação se refere a um tipo de escultura robusta produzida em madeira, que afasta maus espíritos. “A operação Carranca busca afastar os maus que devastam a floresta amazônica brasileira”, diz a PF.
A Polícia Federal apontou que a investigação teve início no primeiro semestre de 2016, a partir de denúncias da extração ilegal de madeira no município de Brasil Novo. Com o avanço das apurações, foram identificados grupos que atuavam em todas as etapas da cadeia produtiva da madeira: extração, serragem, falsificação de documentos, fiscalização, transporte e compra da madeira ilegal.
Os investigadores dividiram o grupo criminoso em 4 núcleos, conforme sua atuação no esquema investigado, sendo o primeiro composto por madeireiros de pouco poder econômico, que atuam na linha de frente da extração ilegal de madeira. Já o segundo é referente a madeireiros de grande poder econômico, que financiam uma grande cadeia de extração, serragem e distribuição de madeira ilegal, inclusive realizando a manipulação de créditos florestais e falsificação de documentos.
O terceiro núcleo sob investigação está ligado aos servidores públicos das Secretarias municipais de Meio Ambiente, advogados, engenheiros florestais e outros ligados a esses, que, segundo a PF, ‘utilizam sua função pública para favorecer e acobertar os crimes ambientais, além de, em alguns casos, participarem do comércio de madeira ilegal’.
O quarto núcleo, identificado com o apoio da Polícia Rodoviária Federal, é composto por servidores policiais que realizavam fiscalização ilegal na rodovia Transamazônica, cobrando vantagem indevida dos caminhoneiros como condição para prosseguirem viagem ou passando informações de fiscalização rodoviária.
Dentre eles, há um policial rodoviário federal, bem como servidores das polícias civil e militar do estado do Pará, além de batedores caminhoneiros que repassavam informações, indicou a PF.
A operação mira crimes de exploração econômica de floresta nativa em terra de domínio público, falsidade ideológica, fornecimento de nota fiscal em desacordo com a legislação, integrar ou financiar organização criminosa, recebimento de madeira para fins comerciais sem exigir a exibição da licença, associação criminosa, corrupção passiva, prevaricação, violação de sigilo funcional e concussão.