26/01/2023 - 16:20
A Polícia Federal e o Ministério Público do Rio deflagraram nesta quinta, 26, uma Operação chamada ‘Fim do Mundo’ contra grupos responsáveis pelo tráfico de armas e drogas para integrantes de uma das principais facções fluminenses – a Terceiro Comando Puro (TCP). As quadrilhas movimentaram mais R$ 100 milhões nos últimos três anos. Cerca de 100 policiais federais cumprem 18 ordens de prisão preventiva e vasculham 31 endereços no Rio, em São Paulo e em Santa Catarina. Até o momento, 10 alvos da ofensiva foram presas. Uma outra pessoa foi presa em flagrante durante as diligências por uso de documento falso.
As ordens foram expedidas pela da 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa do Tribunal de Justiça do Rio, que ainda determinou o sequestro de 15 imóveis, 19 carros e duas embarcações no Rio de Janeiro, Mangaratiba, Angra dos Reis, Balneário Camboriú (SC) e Foz do Iguaçu (PR). O juízo também bloqueou 32 contas bancárias ligadas à quadrilha sob investigação, resultando em um bloqueio de cerca de R$ 22 milhões.
De acordo com o Ministério Público do Rio, os alvos da ofensiva fornecem armas e drogas para lideranças do tráfico, que revendem os materiais não só em diversas comunidades do Rio dominadas pela TCP, mas também em Belo Horizonte e Minas Gerais. Um dos líderes do grupo seria ‘Edinho Portugal’, diz a Promotoria. Ele é apontado como gerente financeiro e coordenador da logística da compra e venda das cargas fornecidas. De acordo com a investigação, um dos pontos de descarga das drogas e armamentos ilegais a Central de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro.
Ao todo, a operação ‘Fim do Mundo mira três grupos ligados não só ao tráfico de armas e drogas, mas também à lavagem de dinheiro fruto de tais crimes. Um dos núcleos citados pela Polícia Federal é liberado por dois irmãos, ‘responsáveis pela inserção de drogas e armas nas comunidades do Rio de Janeiro’. Os investigadores apontam que a dupla usava o lucro do tráfico para comprar casas de alto padrão em Balneário Camboriu, no nome de laranjas. Para isso, contava com ajuda de um casal de corretores catarinenses.
Segundo o Ministério Público do Rio, tal núcleo é o dos ‘Irmãos Castro’, liderados por Renato Castro Belchior, o ‘Chaveirinho’, e Rodrigo Castro Caetano, o ‘Espeto’. A Promotoria diz que, além de lavar o dinheiro do tráfico com a compra de imóveis em Santa Catarina, o grupo também negociava o fornecimento de entorpecentes e armas, de acordo com diálogos que tratam da venda de cargas de 300 a 1.600 quilos de drogas e fuzis.
A investigação também identificou Sebastião Fernando de Oliveira, apontado como um dos fornecedores do tráfico. Além dele, a Promotoria fluminsense cita Sandro Rogério de Souza, Gabriel Salabert da Silva Santos e Fábio Moraes da Silva, o ‘Fabinho PDQ’, como braços financeiros, ‘efetuando pagamentos e utilizando manobras para lavar o dinheiro ilícito angariado com o tráfico’.
Segundo o MP do Rio, Edivaldo adquiriu um imóvel de veraneio por R$ 2,5 milhões e comprava automóveis de luxo que custavam centenas de milhares de reais. “A aquisição de veículos de alto luxo (BMW, Porsche, Mercedes, entre outros) era uma das maneiras utilizadas por Edivaldo para lavar o dinheiro obtido com o tráfico. Esses carros e imóveis de luxo eram registrados em nomes de “laranjas” para ocultar a real propriedade dos bens”, diz o órgão.