O Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, está com o ritmo de plantio da oleaginosa mais lento em quase dez anos, o que aperta a janela de semeadura da segunda safra de milho e algodão, em meio ao tempo seco nas últimas semanas, apontou a consultoria AgRural nesta segunda-feira, 7.

O baixo índice de plantio em Mato Grosso, que atingiu cerca de 2% da área até a última sexta-feira, segundo dados Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), tem pesado no indicador da atividade no Brasil, maior produtor e exportador global de soja.

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A semeadura da safra 2024/25 no Brasil havia alcançado 4,5% da área estimada até a última quinta-feira, contra 2% há uma semana e abaixo dos 10% registrados no mesmo período do ano passado, relatou a AgRural.

Produtores de Mato Grosso aguardam chuvas previstas para começarem a chegar em maiores volumes nesta semana para deslanchar o plantio, que até a quinta-feira passada era o mais lento para a época desde a safra 2015/16, segundo a AgRural.

“Se as chuvas ocorrerem, com certeza vamos ver movimentação muito intensa das máquinas”, disse o analista da AgRural Adriano Gomes, em referência à expectativa dos trabalhos na segunda quinzena do mês.

Ele lembrou que, em Mato Grosso, a maior preocupação é em relação à janela ideal de plantio da segunda safra de algodão, que se concentra em janeiro, após a colheita de soja.

“Nesse momento, há uma preocupação com a janela da safrinha 2025 em Mato Grosso, mas a situação é mais crítica para o algodão. Para uma boa janela de algodão, as áreas de soja que vão dar lugar ao algodão lá na frente precisam ser semeadas até 15 de outubro”, explicou.

Além de ser o maior produtor de soja, o Mato Grosso também lidera em algodão e milho.

No caso da segunda safra de milho, para uma boa janela de plantio, a semeadura da soja tem que ser feita até a última semana de outubro, disse o analista.

Ele ressaltou que, se as chuvas ocorrerem, produtores devem conseguir avançar nos trabalhos até o final do mês para buscar a janela climática da segunda safra de milho –quanto mais tarde é feita a chamada “safrinha”, mais sujeita ela fica ao tempo seco no Centro-Oeste.

“A capacidade de plantio é muito grande. Se chover nessa semana, vai ajudar bastante”, disse ele, lembrando que durante o fim de semana pancadas esparsas de volume variado foram registradas no oeste de Mato Grosso e Médio-Norte do Estado.

Ao Sul do Brasil, onde as chuvas foram mais frequentes, o Paraná já semeou um quarto de sua área de soja.

Já o plantio de milho primeira safra do Brasil atingiu 37% da área no centro-sul até a última quinta-feira, ante 30% na semana precedente e em linha com o índice de um ano atrás.

A consultoria apontou que o clima favorece o plantio e o desenvolvimento das lavouras de milho no Sul, mas algumas áreas irrigadas começaram a ser semeadas na semana passada em Minas Gerais.