A Polícia Civil instaurou nesta sexta-feira, 23, inquérito policial para investigar a agressão sofrida pela reportagem do Estadão, em Maresias, São Sebastião, durante a cobertura da tragédia das chuvas no litoral norte paulista esta semana. Constam do inquérito os nomes de três suspeitos: dois empresários (um do ramo de tecnologia e outro de autopeças) e a dona de uma joalheria em bairro nobre de São Paulo.

A identificação foi feita pelas duas vítimas – a repórter Renata Cafardo e o fotógrafo Tiago Queiroz – com base em dezenas de relatos de pessoas que identificaram os autores da agressão, alguns deles que conhecem pessoalmente o grupo. Eles procuraram a reportagem após a publicação das imagens. O Estadão também comparou fotos registradas no dia do ataque e imagens dos suspeitos que estavam disponíveis em redes sociais.

No dia da violência, terça-feira, 21, um grupo de pessoas – duas mulheres e quatro homens – agrediu fisicamente e com palavrões os dois profissionais no condomínio de luxo Villa de Anoman, em Maresias. Um deles obrigou Queiroz a apagar as fotos e outro empurrou Renata em um alagamento – ela foi chamada de “comunista e esquerdista” ao se identificar como repórter do Estadão.

Segundo o inquérito policial aberto no 2º Distrito Policial de São Sebastião, os suspeitos e outros possíveis envolvidos serão investigados por crimes de constrangimento ilegal, injúria e vias de fato (agressão).

No dia das agressões, o ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou que o episódio fosse acompanhado pelo recém-criado Observatório Nacional da Violência contra Jornalistas, que reúne governo, Judiciário e sociedade civil.

“O observatório vem acompanhando desde o início mais esse recorrente e grave episódio de agressão a profissionais da imprensa. Não mediremos esforços para que a investigação deste caso ocorra de forma rápida e transparente e ainda que os autores dos crimes sejam devidamente punidos com o rigor da Lei,” disse o responsável pelo órgão e secretário nacional de Justiça, Augusto Arruda Botelho.