16/11/2022 - 16:05
Uma equipe da Polícia Civil com auxílio de cães farejadores retomou nesta quarta-feira, 16, as buscas por vestígios do escoteiro Marco Aurélio Bezerra Simon, desaparecido há 37 anos, durante uma escalada ao Pico do Marins, em Piquete, interior de São Paulo. O grupo vai realizar escavações em uma área aberta, no sopé da montanha, onde supostamente o corpo do adolescente, na época com 15 anos, teria sido enterrado. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo confirmou o início das novas diligências.
Marco Aurélio sumiu na manhã de 8 de junho de 1985, quando ele e três amigos, acompanhados de um monitor, faziam uma trilha em direção ao pico. Um dos colegas torceu o pé e o adolescente foi autorizado pelo líder a retornar para o acampamento na base do morro em busca de ajuda. Ele não foi mais visto, nem deu notícia. Polícia, Corpo de Bombeiros e Exército realizaram buscas durante 28 dias, sem encontrar nada. O caso foi dado como encerrado.
A reabertura das investigações aconteceu em julho de 2021, quando o pai do garoto, que nunca desistiu de procurar pelo filho, apresentou novas evidências sobre o caso. Uma pessoa procurou a família e relatou que o escoteiro teria sido morto por um antigo morador da região e teve seu corpo enterrado na área que será objeto das buscas. O terreno será escavado por peritos. Conforme a Polícia Civil, a varredura só acontece agora porque houve necessidade de obter licenciamento ambiental para as intervenções na área.
Em julho do ano passado, os peritos já haviam realizado escavações no local em que ficava a casa onde, supostamente, Marco Aurélio teria sido morto. O imóvel onde funcionava o acampamento dos escoteiros à época era próximo de onde a polícia encontrou a mochila do adolescente após ele desaparecer. A equipe usou um geo radar para orientar as escavações, mas nada foi encontrado.
Andarilho e irmão gêmeo
Como o corpo de Marco Aurélio jamais foi achado, os familiares ainda têm esperança de que ele possa estar vivo. Anos depois do desaparecimento, algumas testemunhas relataram terem visto um andarilho com características físicas semelhantes às do escoteiro. Entre elas, um motorista de ônibus relatou à polícia ter dado carona para um jovem maltrapilho que poderia ser Marco Aurélio. A polícia fez buscas em abrigos e até em prisões em busca do suposto andarilho, sem resultado.
Há alguns anos, o jornalista Ivo Bosaja Simon, pai do escoteiro desaparecido, mandou confeccionar e divulgou um retrato simulando as características atuais dele. Marco Aurélio tem um irmão gêmeo idêntico, o que facilitou esse trabalho. Em redes sociais, a família Simon tem mantido constante mobilização em busca de informações sobre o possível paradeiro do familiar. Como não foram encontrados o corpo, restos mortais ou qualquer indício da morte de Marco Aurélio, a família ainda busca por respostas.
Na época do desaparecimento, o inquérito policial ouviu o líder Juan Bernabeu Céspedes e os três escoteiros que estavam com Marco Aurélio na escalada. Um dos garotos, Osvaldo Lobeiro, machucou o joelho e Céspedes permitiu que Marco Aurélio voltasse sozinho ao acampamento, enquanto os demais ajudariam o escoteiro ferido a descer. O adolescente foi orientado a marcar as pedras com giz, escrevendo o número de identificação do Grupo de Escoteiros Olivetanos, ao qual pertenciam.
Quando chegou ao acampamento com os outros escoteiros, Céspedes não encontrou Marco Aurélio no local e, após fazer buscas em trechos da trilha, avisou a polícia. Na época, mais de 300 pessoas se envolveram nas buscas, incluindo 180 soldados do 5° Batalhão de Infantaria Leve de Lorena, que fica na mesma região. Foram mobilizados ainda seis alpinistas da Academia Militar de Agulhas Negras, helicópteros da base aérea da Escola de Especialistas da Aeronáutica de Guaratinguetá e forças policiais do Estado, incluindo um avião. A operação de busca foi considerada uma das maiores realizadas no País, mas não houve sucesso.
O pico
Com 2.420 metros de altitude, um dos mais altos cumes de montanha do Estado, o Pico dos Marins está localizado no lado paulista da Serra da Mantiqueira e é muito procurado por alpinistas e outros praticantes de esportes radicais.
Graças à sua face norte menos vertical, o pico pode ser atingido sem a necessidade da escalada com equipamentos. A trilha percorre vales cortados por cânions com muita fauna e vegetação exuberante. Várias agências de ecoturismo incluem o Pico dos Marins em suas expedições.