O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de St. Louis, James Bullard, afirmou nesta quinta-feira, 6, que uma política monetária “apropriada” pode “continuar a colocar pressão de baixa na inflação”. Em evento da Arkansas Bankers Association, ele destacou o fato de que indicadores dos EUA têm se mostrado em geral mais fortes que o esperado, enquanto a inflação “segue muito elevada”.

Na avaliação de Bullard, o desempenho do mercado de trabalho “segue forte”. O crescimento econômico do país melhorou no segundo semestre de 2022, e atualmente os gastos reais com consumo também se mostram mais fortes do que o esperado, apontou o dirigente, sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano.

A inflação “continua muito elevada, mas tem recuado recentemente”, afirmou Bullard.

Ele apontou que houve queda recente tanto no índice cheio quanto no núcleo dos preços, mas no caso do núcleo o recuo até agora é menor, advertiu.

Bullard ainda destacou o fato de que as expectativas de inflação medidas por sinais do mercado “estão agora relativamente baixas”.

Ele lembrou que essas expectativas são um fator crucial para se determinar a inflação real e apontou que esse é um sinal positivo para o processo de perda de fôlego da inflação em 2023.

Regulação de bancos

O presidente do Federal Reserve de St. Louis afirmou ainda que houve um aumento no estresse financeiro nos Estados Unidos nas últimas semanas, mas considerou que ocorreu uma resposta macroprudencial “rápida e apropriada” das autoridades para conter o quadro. No evento desta quinta, ele garantiu que os reguladores estão “prontos para adotar outros passos, se necessário”.

Sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Bullard destacou em sua fala que as leituras sobre o estresse financeiro no quadro atual “estão relativamente baixas”, caso se observe seu histórico.

Bullard comentou que o estresse financeiro “pode ser angustiante, mas também tende a reduzir o nível das taxas de juros”. Os juros mais baixos, por sua vez, são fator positivo para o quadro macroeconômico, recordou. O recuo nos juros “pode ajudar a mitigar” parte do peso negativo na macroeconomia que caso contrário ocorreria após um período de estresse financeiro, considerou.

Ainda para o dirigente, o Fed havia dado “diretriz considerável” sobre o fato de que começaria a elevar os juros, o que ocorre ao longo do último ano, diante da inflação elevada. Mesmo assim, Bullard disse que é “relativamente comum que nem todas as entidades financeiras ajustem seus negócios de modo apropriado para um ambiente em mutação”.

Ele mencionou episódios anteriores, mas afirmou que apesar da atenção considerável na época eles não foram no fim das contas cruciais para motivar um desempenho macroeconômico fraco dos EUA.