O leite longa vida foi um dos grandes vilões do IPCA-15 do mês de maio no Brasil. De acordo com o IBGE, ele foi o terceiro produto que mais avançou no índice, ficando 6,03% mais caro em relação a abril. 

De acordo com Lincoln Diogo Lima, economista e professor do curso de economia da Universidade Cruzeiro do Sul, a alta recente do preço do leite se deve a diversos fatores, entre eles o aumento dos custos de produção e, principalmente, ao efeito sazonal próprio desse mercado.

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“O preço do leite começa a subir quando o inverno se aproxima, atinge o seu pico durante essa estação e começa a cair com a chegada do verão. Essa sazonalidade ocorre porque durante o período de estiagem (inverno) as vacas tomam menos água, resultando na queda da produção da bebida.”

Volume de exportação cresce

Dados da Secretaria de Comércio Exterior – Secex, mostram que no primeiro trimestre deste ano, o volume importado de leite foi três vezes maior que o do mesmo período de 2022. Apenas em março, foram internalizados 209,5 milhões de litros em equivalente leite. Essa quantidade representa cerca de 10% do total de leite cru industrializado pelos laticínios brasileiros, de acordo com Pesquisa Trimestral do Leite do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Entretanto, as importações brasileiras de lácteos ficaram praticamente estáveis (-0,3%) em fevereiro, na comparação com o primeiro mês de 2023, totalizando 156,5 milhões de litros em equivalente leite, segundo dados da Secex.

Grama interfere no preço

O professor também explica que outro fator de crescimento do preço do leite no inverno está relacionado com a falta de grama nos pastos. 

“O produtor precisa aumentar a utilização de ração na alimentação dos animais, que por sua vez é mais cara. Durante o inverno a oferta do leite cai ao passo que o custo de produção cresce, refletindo assim no acréscimo do preço ao consumidor”, completa Lima.

Perspectivas para o setor lácteo

A tendência é que nos próximos meses o preço do leite continue a subir, mas que fique num patamar menor daquele verificado no inverno do ano passado, quando o preço do leite disparou devido aos efeitos da Guerra na Ucrânia, que impactaram fortemente os custos de produção, entre eles o custo de transporte e da ração.

Derivados do leite, como por exemplo, muçarela, iogurtes, queijos e leite em pó, serão afetados com esta perspectiva negativa. O preço do queijo subiu 2,24% em maio, de acordo com o IPCA-15. 

“Na medida em que o verão vai se aproximando, espera-se que o preço do leite comece a recuar e que termine o ano num patamar inferior ao que será verificado nos meses de junho, julho e agosto”, aponta o docente. 

Por fim, o professor salienta que, para o Brasil conseguir amenizar o aumento do leite, é importante adotar medidas que busquem incentivar os produtores a adotarem tecnologias, buscando inovações capazes de aumentar a produtividade.