01/04/2009 - 0:00
RODOVIAS
O COLAPSO DA INFRAESTRUTURA
Por mais um ano, a história se repete. O ápice da safra de grãos no Brasil traz à tona um velho e conhecido problema: a falta de infraestrutura. A precariedade das rodovias federais tem absorvido a renda do produtor não só pelo custo do frete, mas também pelo desperdício em função das condições das estradas. Um sojicultor mato-grossense, por exemplo, desembolsa US$ 225 a mais por hectare que um paranaense, devido ao transporte. Um dos principais entraves é a morosidade da duplicação da BR-163 no trecho Rondonópolis- Posto Gil. A obra está prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas ainda não saiu do papel. A rodovia federal BR 452, que liga Rio Verde a Itumbiara, ambas em Goiás, é outro problema. Neste caso, a empresa que venceu a licitação desistiu de assumir a obra.
FEIRAS
Expodireto Cotrijal surpreende
A 10ª Expodireto Cotrijal, exposição de agronegócio realizada no mês passado, em Não-Me- Toque (RS), fechou com um faturamento de R$ 357 milhões. O resultado foi além das expectativas, já que o esperado por Nei Mânica, presidente da Cotrijal, era atingir R$ 300 milhões. A 10ª edição foi a primeira internacional e teve a presença de representantes de 36 países.
ALGODÃO
CTNBio em 2009
A Dow AgroScience foi a primeira empresa a ter uma tecnologia aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em 2009. A entidade liberou o algodão geneticamente modificado WildeStrike, que apresenta resistência a insetos. Segundo o diretor de sementes e biotecnologia da Dow no Brasil, Rolando Alegria, “o WildeStrike contribui para uma agricultura sustentável.”
MERCADO DE TRABALHO
Brasil exporta executivos
Os profissionais brasileiros têm ganhado reconhecimento fora do Brasil. Desta vez, o agraciado foi Carlos Marcelo Saviani, atual gerente de CRM de Ruminates da Merial Saúde Animal. O executivo foi chamado pela matriz da Merial, que fica em Atlanta, nos EUA. Ele vai integrar a equipe de estratégia global, desenvolvimento de novos produtos e gestão de marcas na área de ruminantes.
PERDIGÃO
Incêndio em Rio Verde
O complexo agroindustrial da Perdigão em Rio Verde (GO) pegou fogo no mês passado. A empresa, no entanto, divulgou que o abastecimento aos clientes não será prejudicaado, porque as outras unidades terão a produção ajustada para suprir essa demanda. A causa do incêndio ainda não foi divulgada, mas a Perdigão frisou que a unidade está coberta por apólice de seguro, inclusive sobre o lucro cessante.
FUMO
Preço em baixa
Os produtores de fumo estão insatisfeitos com o reajuste de 12,6% no preço pago pelo tabaco. Muitos fumicultores do Rio Grande do Sul estão reduzindo a área. O presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) está recomendando a redução de dois mil hectares por família. O setor reivindica um reajuste de 27,9%.
MILHO
Primeira safra transgênica
Os agricultores brasileiros comemoram a primeira colheita de milho transgênico. No campo experimental da fazenda Tarumã, no Rio Grande do Sul, foram plantadas 27 variedades de milho convencional e cinco de milho transgênico. A colheita foi iniciada em março e a constatação foi de que a produtividade das lavouras transgênicas chegou a ser 50% superior à convencional.
SUÍNOS
Rússia abre as portas
Durante quatro anos, a Rússia impôs uma série de barreiras à carne suína brasileira. Mas, no mês passado, o país anunciou que voltará a comprar a carne suína de Santa Catarina. “A decisão russa chega num momento de sufoco, quando as agroindústrias detêm mais de 50.000 toneladas em estoques somente em território catarinense”, festeja o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, um dos primeiros a receber a comunicação da Abipecs, associação que representa a indústria brasileira de produção e exportação de carne suína, e do Ministério da Agricultura.
ETANOL
Estocagem em pauta
Ogoverno liberou R$ 2,3 bilhões para financiar 3,3 bilhões de litros de etanol na safra 2009/2010. É o que o setor chama de warrantagem, quando o governo empresta recursos mediante a garantia de estoque do produto. A liberação representará a estocagem de cinco bilhões de litros. O preço do litro estocado será de R$ 0,70 e o empréstimo poderá ser feito de maio a dezembro deste ano para a região Centro-Sul e parte da Bahia.
FRUTICULTURA
Maça e pera no semiárido
Estudos experimentais executados pelo centro de pesquisa da Embrapa em Petrolina (PE) indicam que há potencial para a produção comercial de pera e maçã em campos irrigados no semiárido. As duas têm alto valor agregado e grande aceitação no mercado. A pera, por exemplo, é a terceira no ranking das frutas mais importadas pelo Brasil. A produção nacional responde por menos de 10% do total consumido.
BIOCOMBUSTÍVEIS
Syngenta aposta no setor
A Syngenta trouxe um time de pesquisadores para participar do workshop de bioenergia promovido pela Fapesp: Raja Kota, pesquisador dos EUA, Ian Jepson, diretor de enzimas, e Manuel Sainz, cientista de cana na Austrália (na foto da esq. para a dir.). A multinacional aposta no setor de combustíveis limpos e irá investir US$ 100 milhões este ano com pesquisas de canade- açúcar no mundo.
MADEIRA
Programa combate ilegalidade
Para promover o uso de madeira de origem legal e certificada na construção civil, o governo do Estado de São Paulo, a ONG WWF-Brasil e o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas do Estado de São Paulo (SindusCon-SP, entre outros, lançaram o Programa Madeira é legal. A partir de agora, o setor público só comprará madeira que tiver o Documento de Origem Florestal (DOF). O projeto ainda abrange a capacitação de compradores para identificação de possíveis ilegalidades.
MÁQUINAS
Trator movido a células de combustível
A New Holland criou o primeiro trator movido a células de combustível, que fornecem 106 cavalos de potência. A máquina é o NH2, que tem o motor elétrico movido a hidrogênio. A novidade vem em um momento em que o mundo todo busca opções de combustíveis mais limpos. Mas o projeto foi postergado para 2013 em função do elevado preço e de problemas de autonomia.
CAFÉ
S.O.S. Cafeicultura
O setor cafeeiro realizou no mês passado a Marcha do Café, que reuniu 25 mil pessoas na cidade de Varginha, no sul de Minas. O protesto faz parte do movimento S.O.S. Cafeicultura e tem por objetivo chamar a atenção dos governos para os problemas da cultura. O principal deles é o preço. Só para se ter uma ideia, enquanto o adubo radicular teve um aumento de 566% nos últimos 14 anos, o valor da saca só teve um acréscimo de 23,2%.
AFTOSA
Raio X de 2008
A cobertura da campanha de vacinação contra febre aftosa em 2008 na primeira e segunda fase foi de mais de 96% dos animais. A campanha de 2009 teve início em fevereiro e imunizou 500 mil animais até o mês passado.
PESQUISAS
Caju, fonte de pigmento
A tendência dos países de banir o uso de pigmentos artificiais em alimentos é uma boa notícia para os produtores de caju. Uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa Agroindústria Tropical em parceria com o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad) apontou que a fruta é rica em carotenoides e apresenta corantes de cor amarela.
MUNDO DOS RODEIOS
Morre touro Bandido
Ele tinha tratamento de celebridade, mas era apenas um touro. Estamos falando do touro Bandido, animal que ficou conhecido por mandar para o chão os melhores campeões de rodeio. Não à toa, seu dono, Paulo Emílio criou o “Desafio do Touro Bandido” para quem ficasse oito segundos em cima do animal. Sua fama se espalhou e ele foi parar na novela global América, em 2005. Mas no início do ano, a fera morreu em decorrência de um câncer de pele.
TRANSGÊNICOS
Opinião
John G. Reifsteck é produtor de 720 hectares de milho e soja no Estado de Illinois, nos EUA, e membro da organização Truth about Trade & Technology. Adepto dos transgênicos, ele falou com a DINHEIRO RURAL sobre as vantagens que a tecnologia lhe proporcionou.
DINHEIRO RURAL – Por que resolveu aderir aos transgênicos?
JOHN G. REIFSTECK – Comecei a usar transgênicos em 1996 pelo fato de serem as melhores sementes que tínhamos e também por reduzirem a demanda de inseticidas.
RURAL – Há uma parte da sociedade que acredita que os transgênicos representam um perigo à saúde…
REIFSTECK – Tem circulado em milhares de veículos a má impressão de pessoas, que não conhecem o assunto e não ouviram ninguém a respeito. Mas há várias pesquisas sobre Organismos Geneticamente Modificados (OGM) que dizem que eles são seguros. Eu acredito que são, porque a ciência tem evidências que mostram que eles são.
RURAL – O sr. planta soja e milho transgênicos nos EUA. Sua produtividade hoje é bem melhor que no passado?
REIFSTECK – Sim, é bem melhor. Se você tiver boas condições climáticas, baixa infestação de insetos, a produtividade sempre será boa. Mas se você tiver uma alta infestação de pragas, com os transgênicos você consegue uma produtividade bem superior que com o grão convencional. Pode ser entre 10% e 29% maior.
RURAL – Qual é a explicação para este ganho de produtividade?
REIFSTECK – O fato de proteger a planta de insetos, de ervas daninhas, ajuda você a maximizar o potencial da planta e reduzir o risco. Como a agricultura é um negócio de risco, a redução é uma boa para os fazendeiros.
RURAL – Quais conselhos o sr. daria para os agricultores brasileiros?
REIFSTECK – Diria para selecionarem as melhores sementes e elas costumam ser as transgênicas. Falaria para eles fazerem o teste, plantar e fazer a conta do custo e do benefício. Também diria para avaliarem o efeito dos transgênicos para o meio ambiente, uma vez que reduzem as aplicações de agroquímicos e asseguram um futuro melhor.