02/07/2014 - 15:01
Os transgênicos e o meio ambiente
O uso da biotecnologia vem contribuindo para uma agricultura mais sustentável, segundo dados divulgados em junho pelo Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia
(ISAAA). A entidade afirma que a adoção dos organismos geneticamente modificados (GMO) aumentou a produtividade das lavouras, reduziu a necessidade de expansão de áreas agrícolas e fez cair o
uso de agroquímicos. Além disso, a biotecnologia reduz a pegada de carbono e, para cada dólar investido em sementes transgênicas, o produtor tem um retorno de três vezes esse valor.
Marketing poderoso
A Bayer CropScience, divisão agrícola da multinacional alemã do setor químico, reestruturou sua área de marketing no Brasil. A partir de agora o departamento atuará em três frentes: marketing de clientes, marketing estratégico de culturas e portfólio e uma área batizada de “business office”, que terá por objetivo monitorar o desempenho dos negócios no mercado. Com a mudança, a empresa espera atender os produtores de maneira mais personalizada, antecipar tendências e ter um melhor gerenciamento do ciclo de vida de seus produtos.
Mais trigo na Rússia
Enquanto as autoridades dos países europeus e dos Estados Unidos endurecem as sanções econômicas contra a Rússia, em represália à anexação da região da Crimeia, pertencente à Ucrânia, a Cargill decide implementar sua operação no país do presidente Vladimir Putin. A trading americana anunciou que vai investir US$ 100 milhões para expandir sua unidade de processamento de trigo localizada em Yefremov, a cerca de 160 quilômetros da capital Moscou. O investimento vai dobrar a capacidade da fábrica da Cargill, que passará a 500 mil toneladas de trigo processadas por ano.
O uso do patrimônio genético
No fim de junho, o governo federal encaminhou ao Congresso Nacional um projeto de lei que regulamenta a exploração em pesquisas do patrimônio genético natural. Entre as determinações, o projeto prevê que as empresas sejam obrigadas a repassar 1% da receita líquida obtida com os produtos desenvolvidos para o Fundo Nacional de Repartição de Benefícios, que será criado com a nova lei. Além disso, haverá uma maior fiscalização do uso desses recursos pelo Ibama. A proposta, que vai ter impacto nas indústrias química, farmacêutica e de cosméticos, seguiu em regime de urgência, com prazo de até 90 dias para tramitar no Congresso.
Incentivo aos armazéns
Seis cooperativas, um produtor e o governo de Santa Catarina vão construir 11 armazéns para estocar 110 mil toneladas de grãos. Serão aplicados R$ 100 milhões, sendo R$ 26,25 milhões em subvenções do governo catarinense. A iniciativa faz parte do Programa Armazenar, criado para aumentar em 25% a capacidade de armazenagem do Estado, que hoje é de 4,2 milhões de toneladas. O programa prevê um investimento total de R$ 500 milhões e terá subsídios de R$ 83 milhões em juros. Nos financiamentos para a construção e ampliação de armazéns, o governo estadual subvencionará 50% dos juros, com limite de 3,5% ao ano.
A parceria pela restauração
A Fibria, produtora de celulose, fechou um acordo com o Instituto de Conservação Ambiental (TNC) para a restauração e a conservação da Mata Atlântica. Até 2025, a Fibria vai restaurar 40 mil hectares de vegetação nativa localizados nas áreas de preservação permanente e reserva legal de suas fazendas em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. O TNC vai monitorar as áreas para garantir que o processo seja ecologicamente correto.
Eucalipto revelado
A Embrapa finalizou o sequenciamento completo do genoma do eucalipto. O projeto teve início em 2008, liderado por Brasil, África do Sul e Estados Unidos, e contou com a participação de esquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e com quase uma centena de cientistas de 30 instituições em nove países. Esse foi o primeiro projeto de pesquisa coliderado pelo Brasil, que sequenciou inteiramente o genoma de uma planta. Segundo a Embrapa, o estudo foi publicado pela revista britânica Nature.
O vazio do feijão
No fim de junho, o Ministério da Agricultura estabeleceu um período de vazio sanitário obrigatório para a cultura de feijão comum, o Phaseolus vulgaris, no Distrito Federal e em algumas regiões de Minas Gerais e Goiás. A medida tem por objetivo prevenir pragas, por meio da erradicação completa das plantas vivas da cultura e de plantas invasoras nas áreas definidas. Os produtores das regiões abrangidas pela norma terão de manter a terra nua entre 20 de setembro e 20 de outubro. Quem descumprir a regra estará sujeito a sanções civis e penais.
O avanço do cacau no Pará
A Cooperativa Alternativa Mista dos Pequenos Produtores do Alto Xingu, do Pará, firmou um contrato com a Indústria Brasileira do Cacau, processadora paulista, para vender 150 toneladas da amêndoa, o equivalente a uma receita de R$ 1 milhão. Os produtores comemoram a venda certeira e também o avanço da cultura, que é capaz de regenerar a floresta, em áreas desmatadas pela pecuária. Isso acontece porque o cacau é plantado sob a sombra de espécies como seringueiras, castanheiras e árvores frutíferas.
O mel do café
A torrefadora italiana illycaffè realizou uma pesquisa sobre o mel produzido de uma rara variedade de café, originária da região de Tolima, na Colômbia. O estudo do AromaLab, um dos laboratórios da illycaffè na Itália, em parceria com o Departamento de Ciências Químicas da Universidade de Padova, conseguiu identificar as características desse mel, produzido por abelhas que visitam flores do cafezal. Ele contém pequenas quantidades de cafeína e algumas substâncias que outros tipos não apresentam. Segundo a pesquisa, a apicultura contribui para a ampliação da produção de grãos de qualidade e pode ser desenvolvida nos cafezais, gerando renda extra para o agricultor.
A nova misturadora da Fertilizantes Tocantins
A Fertilizantes Tocantins, de Porto Nacional (TO), iniciou a construção de uma misturadora em Barcarena (PA), com aporte de R$ 45 milhões. A fábrica, com capacidade para produzir 300 mil toneladas de fertilizantes por ano, deve entrar em operação em julho de 2015. A localização é estratégica para a empresa, que pretende usar o modal hidroviário para distribuir seus fertilizantes e receber matérias- primas importadas pelo porto paraense. Com a nova unidade, a capacidade total de produção da empresa aumentará para 1,4 milhão de toneladas de fertilizantes por ano.
Nova estrutura
José Américo Pierre Rodrigues, que assumiu a presidência da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), em junho, fala sobre os desafios que terá à frente da entidade.
Qual será sua principal missão?
Teremos três fortes linhas de atuação. Vamos desenvolver um trabalho em busca da modernização da legislação nacional que normatiza o setor, participar da discussão para regular o comércio internacional e combater a pirataria de sementes.
A legislação está defasada?
O modelo de negócios do setor vem mudando muito nos últimos anos e a legislação precisa ser atualizada, pois a que temos é muito extensa, burocrática e regula desde a produção até o comércio. A gente acredita que deveria ser mais focada na qualidade do produto final.
E a pirataria?
Ainda temos uma grande ocorrência de pirataria de sementes. Estimamos que até 15% das sementes de soja plantadas no País sejam piratas. Essas sementes não têm a qualidade desejada e, com elas, o produtor pode ter problemas fitossanitários e uma menor produtividade. A melhor arma no combate à pirataria é a informação. Estamos desenvolvendo materiais técnicos para orientar o produtor, que está cada vez mais profissional e vai rejeitar a semente pirata.
Haverá mudanças na entidade?
Sim, estamos modernizando a estrutura da Abrasem. Agora a associação tem um conselho de administração com dez membros, uma diretoria profissional e comitês técnicos. Trabalhamos com sementes de soja, milho, biotecnologia, tratamento de sementes, entre outras áreas. A nova estrutura é enxuta e especializada. Com isso, fica mais fácil identificar gargalos e buscar soluções para cada área.