A baixa oferta em relação à demanda externa aquecida elevou os preços do suíno neste ano, fator que deve manter as margens em patamares altos até o final de 2014. Porém, o avanço do consumo interno que tradicionalmente se vê em dezembro pode não se consolidar, descartando a expectativa de maiores altas no setor.

O vice-presidente para o segmento de suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Rui Vargas, afirma que a Rússia – responsável por mais de 35% dos embarques de suínos neste ano – deve continuar com os mesmo níveis de demanda pelos próximos dois meses.

Em contrapartida, ainda é incerta a relação oferta e demanda no mercado interno. “A expectativa da indústria é que o consumo se movimente da mesma maneira que ocorreu no ano todo”, diz o vice-presidente da entidade.

“As carnes têm registrado patamares recordes e isso acaba retraindo o consumidor. O aumento de preços no boi gordo abre espaço para o suíno, mas também existe o cenário de baixa no mercado interno, tanto, que gere um recuo nos valores do atacado”, completa a analista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Camila Ortelan.

Recuperação

O produtor de suínos do município de Seara, em Santa Catarina, Francisco Canossa, conta que o faturamento deste ano está pagando o que foi perdido durante a crise do setor, ocorrida nos últimos dois anos.

Muito do que foi recebido serviu para que os criadores ajustassem suas dívidas e começassem a investir na granja. “Estamos regularizando nossa situação, começamos a ganhar dinheiro mesmo só nos últimos seis meses. Daqui para frente, se houver alguma baixa no fim de ano, não será nada muito expressivo. Para o início de 2015, acredito que ainda vamos receber alguma coisa, mas também, nada muito além da margem que já estamos”, estima o produtor catarinense.

Expectativas

Para o ano que vem, a projeção do vice-presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS) e produtor da região norte daquele estado, Mauro Gobbi, é de que os preços se ajustem para baixo e atinjam R$ 4 por quilo – em São Paulo, por exemplo, o animal vivo já é comercializado acima de R$ 5.

“Mesmo que bata os R$ 4, ainda será positivo para o produtor, porque os custos de produção estão girando em torno de R$ 3 e R$ 3,10 e o preço médio para o produto é de R$ 3,50, frisando que estes ganhos são para recuperar aquilo que passou e deixar as contas em dia”, enfatiza Gobbi.

De acordo com Vargas, da ABPA, o setor não espera crescimento na oferta, nem na demanda, mantendo a rentabilidade do produtor. Vale ressaltar, segundo Ortelan, que “a Rússia não é uma compradora muito regular”.