18/11/2020 - 14:52
São Paulo, 18 – O preço do leite captado em outubro e pago ao produtor em novembro deve fechar em queda entre 5% e 7% em relação ao mês anterior, interrompendo o movimento de alta que vem sendo verificado desde junho, mostra pesquisa em andamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
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Segundo o Cepea, os valores do leite no campo obedecem a uma tendência sazonal, relacionada à disponibilidade de chuvas e pastagem. No entanto, em 2020, a retomada da produção não tem ocorrido de forma intensa, já que as condições climáticas foram menos favoráveis. Mesmo assim, nas primeira e segunda quinzenas de outubro, houve maior oferta de leite spot (negociado entre indústrias) em Minas Gerais, de modo que a média mensal caiu 16,8% ante setembro/20, indo para R$ 2,23/litro.
Conforme apurou o Cepea, a redução das cotações no campo esteve atrelada à pressão dos canais de distribuição sobre as negociações de lácteos com as indústrias, uma vez que o consumo esteve enfraquecido, em virtude dos altos preços atingidos pelos derivados nos últimos meses. “Como consequência, houve a diminuição dos preços médios de derivados importantes para a formação do preço ao produtor, como leite longa vida (UHT), mussarela e leite em pó em outubro”, informa o Cepea.
As perspectivas para o setor neste fim de ano não são animadores. “A grande dificuldade para o setor neste fim de ano está em equalizar a demanda, sensível aos elevados preços dos lácteos, com a oferta que deve se manter restrita, já que a ocorrência de La Niña deve provocar impacto negativo na atividade leiteira nos próximos meses”, diz o Cepea.
Além disso, de acordo com o centro de estudos, as expressivas altas dos custos de produção nos últimos meses (atreladas, sobretudo, à valorização dos grãos) impossibilitam investimentos na atividade, além de já comprometerem as margens dos produtores, considerando que ocorrem em um momento muito sensível de redução da receita.
Outro agravante para a situação é a valorização da arroba nos últimos meses, que acaba estimulando o abate de fêmeas. “Assim, a produção de leite pode não se recuperar no verão, como em outros anos, o que pode frear o movimento de queda no campo”, conclui o Cepea.