29/08/2019 - 12:44
São Paulo, 29 – Os preços do leite recebido por produtores registraram queda pelo segundo mês consecutivo em agosto, referente à captação de julho. A “Média Brasil” líquida (que considera os preços do leite recebido por produtores sem frete e impostos dos Estados de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS) ficou em R$ 1,3466 o litro, recuo de 4,25% em comparação com o mês anterior (ou de quase 6 centavos em cada litro), em termos reais (deflação pelo IPCA de julho/19). O levantamento é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/US).
Segundo a pesquisa, as cotações do leite iniciaram o movimento de baixa em julho e a queda acumulada já é de 12%, em termos reais. Conforme o Cepea, esse cenário tem sido atrelado à pressão das indústrias, que tiveram suas margens espremidas no primeiro semestre, por causa dos altos preços da matéria-prima e das fracas negociações dos lácteos.
“Enquanto o preço do leite no campo acumulou consecutivas altas até junho, influenciados pela oferta limitada e pela grande concorrência entre laticínios, o repasse dessa valorização aos derivados foi dificultado, em virtude da estagnação econômica e do consequente consumo enfraquecido”, diz o comunicado do Cepea.
O comportamento do mercado lácteo, até o momento, está bastante semelhante ao de 2017, com preços elevados no primeiro semestre, em decorrência da oferta reduzida de matéria-prima, e queda brusca na segunda metade do ano, após a recuperação do volume de leite (safra do Sul).
“Contudo, a diferença entre esses anos parece estar centrada no fôlego da recuperação da produção”, pondera o Cepea.
A saída de produtores da atividade nos últimos anos e a grande insegurança em realizar investimentos de longo prazo frente às incertezas no curto prazo devem prejudicar a captação em 2019. Além disso, a safra do Sul foi menor neste ano porque as forrageiras de inverno foram prejudicadas pelo clima desfavorável.
Conforme apurou o Cepea, a oferta de leite continuou limitada em agosto. Para assegurar a matéria-prima, diminuir a ociosidade não planejada (que se traduz em custos) e manter sua participação de mercado, as indústrias continuam atuando com concorrência acirrada, o que impulsionou as cotações no mercado spot na primeira e segunda quinzenas de agosto.
Em Minas Gerais, onde se concentra o maior volume negociado no mercado spot, a média de agosto (R$ 1,55/litro) ficou 16% maior que a de julho, em termos reais. Esse cenário pode atenuar o movimento de queda em setembro ou proporcionar condições de estabilidade.