Em sessão temática no plenário do Senado sobre “juros, inflação e crescimento”, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney Menezes, avaliou nesta quinta-feira, 27, que os juros altos praticados no País são claros sintomas de problemas estruturais da economia brasileira e alertou para a resiliência da inflação. “O crescimento econômico não vem por geração espontânea, mas precisa de condições para ocorrer. A inflação não é uma fatalidade. Ela tem causas concretas e existem mecanismos dolorosos, mas eficientes, para contê-la”, destacou.

Para o presidente da Febraban, não há política social que traga resultados efetivos se a economia não voltar a crescer, assim como não haverá crescimento econômico sustentável se não vier acompanhado de melhorias na vida da população. “A inflação é um imposto perverso. Atinge as famílias, dificulta o cálculo empresarial, eleva o risco da economia, tira a previsibilidade do investimento de longo prazo, reduz o consumo de bens e serviços e, particularmente, penaliza as camadas mais baixas da população”, acrescentou.

Sidney lembrou que o Brasil “quebrou a espinha dorsal” da inflação ao adotar o regime de metas no fim dos anos 90, mas alertou que a inflação é “um gato de sete vidas”. “Não se mata a inflação, mas se controla, e ela volta quando baixamos a guarda. Ou seja, mesmo quando deixa de ser crônica, a inflação é um problema latente”, enfatizou.

O presidente da Febraban citou que, nos 15 anos que antecederam o Plano Real, o Brasil teve uma média anual de inflação de 339,4%, caindo para uma média de 6,32% nos últimos 20 anos. “Esse patamar ainda é elevado numa comparação internacional. É necessário controlar e administrar a inflação todos os dias, com zelo e os instrumentos técnicos existentes”, acrescentou.

Equilíbrio

Sidney passou então a defender o equilíbrio fiscal, com dívida pública sob controle e carga tributária moderada. Após lembrar que o Brasil registrou déficits primários por nove anos consecutivos, o executivo elogiou o esforço do atual governo em tentar reequilibrar as contas públicas.

“É preciso reconhecer o esforço do ministro Fernando Haddad para encontrar um caminho de equilíbrio entre a necessidade de controlar as contas públicas e, ao mesmo tempo, atender às inúmeras demandas sociais. Uma nação que não preserva o equilíbrio fiscal joga fora, na prática, toda a sua política social: o que o Estado concede com uma mão, a inflação retira com a outra”, completou.

O presidente da Febraban defendeu a aprovação do novo arcabouço fiscal que, segundo ele, pode ser “um Plano Real para o equilíbrio das contas públicas”. Ele ressaltou ainda a importância de se aprovar a reforma tributária.