08/03/2022 - 8:26
O presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta segunda-feira, 7, fora da agenda, no Palácio do Planalto, o grupo do agronegócio que se mobilizou para financiar sua campanha à reeleição. A atuação deles nos bastidores e a organização do encontro foram reveladas pelo Estadão.
Bolsonaro convidou os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Agricultura, Tereza Cristina, para a reunião numa sala do gabinete presidencial. Nela, também estava o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que traça a estratégia de arrecadação de dinheiro da futura campanha.
O pecuarista de Ji-Paraná (RO) Bruno Scheid, apoiador que tem sido mais incisivo nos pedidos de dinheiro, segundo relatos de empresários do setor, sentou-se na reunião ao lado do presidente.
O compromisso político também não constava na agenda dos ministros. Além deles, Bolsonaro aparece em fotos ao lado do secretário da Pesca, Jorge Seif Jr., e do presidente do Sebrae, Carlos Melles.
O encontro ocorreu à tarde. Bolsonaro só tinha compromissos agendados até o almoço. Os ministros tinham outros compromissos e foram chamados pelo presidente. As assessorias dos ministérios disseram que não tinham informações sobre a pauta do encontro. Na reunião, a ministra Tereza Cristina discursou aos produtores rurais, de Estados como Rondônia, São Paulo e Mato Grosso, entre outros.
Segundo empresários que receberam as abordagens do grupo de Scheid, ele falava como interlocutor de Costa Neto, que abonou sua filiação ao PL, e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A atuação dele incomodou empresários do agro, mesmo os que apoiam o presidente. Os pedidos de doação privada ocorrem numa disputa em que as despesas eleitorais serão custeadas majoritariamente por um fundo público.
Doadores
Além de Scheid, estavam presentes outros nomes que fazem parte da estratégia de apoio a Bolsonaro no campo, com organização de encontros e pedidos de contribuição financeira. Dois aparecem em registros obtidos pelo Estadão: Adriano Caruso, dono da Global Exports, exportador de gado vivo, de São José do Rio Preto (SP), e fundador do grupo de WhatsApp G-Agro; e o ex-prefeito de Água Boa (MT) Maurício Tonhá, da Estância Bahia Leilões.
Ao Estadão, Caruso negou atuar na arrecadação para Bolsonaro. Tonhá disse que não está participando agora, mas admitiu que vai contribuir e pedir doações para a campanha à reeleição do presidente.
Procurados, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Valdemar Costa Neto e Flávio Bolsonaro não responderam até a conclusão desta edição.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.