27/11/2024 - 11:46
A produção de açúcar do centro-sul do Brasil somou 898 mil toneladas na primeira quinzena de novembro, com recuo de quase 60% na comparação com o mesmo período do ano passado, deixando a fabricação do adoçante no acumulado da safra 2024/25 em queda na comparação anual pela primeira vez na temporada, de acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) nesta quarta-feira.
Na primeira quinzena de novembro de 2023, as usinas do centro-sul brasileiro tinham produzido 2,2 milhões de toneladas de açúcar.
Com a queda acentuada na comparação anual, a principal região produtora do mundo passou a ver uma redução de 3% na produção de açúcar acumulada na safra 2024/25, para 38,27 milhões de toneladas. Na temporada anterior, o país teve um volume recorde.
O recuo anual na produção era esperado em algum momento e acontece com uma menor oferta de cana, após a safra ter sido prejudicada pela seca, além de uma menor destinação da matéria-prima para a fabricação do adoçante, com o etanol retomando algum espaço.
A moagem de cana do centro-sul do Brasil somou 16,46 milhões de toneladas na primeira quinzena, baixa de 52,8%, enquanto no acumulado da safra o recuo é de 2,2%, para 582,6 milhões de toneladas.
Também foi a primeira vez na safra que a moagem acumulada ficou abaixo do mesmo período do ano passado, já que a maior parte das usinas antecipou o início de suas operações em 2024/25, enquanto a colheita se provou menor do que o imaginado no começo, já na parte final da temporada.
A Unica não costuma divulgar projeções de moagem. Na véspera, a StoneX estimou a moagem total da safra 2024/25 do centro-sul em 612,7 milhões de toneladas, queda de 6,4% ante 2023/24, que foi uma máxima histórica. Para o açúcar, a consultoria estima ao todo 39,9 milhões de toneladas.
No acumulado desde o início do ciclo 2024/2025 até a primeira quinzena, 65 unidades finalizaram as operações de moagem, versus 50 usinas no mesmo período da safra anterior.
Para o diretor de Inteligência Setorial da Unica, Luciano Rodrigues, além das unidades que tinham programado terminar a moagem mais cedo, pela menor oferta da matéria-prima, a condição climática desfavorável para colheita ocasionou paradas pontuais em toda região centro-sul no início de novembro e impactou o ritmo de processamento das empresas em operação.
Se a seca afetou a produtividade agrícola, tem colaborado para a concentração de açúcares.
O nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) registrado na primeira quinzena de novembro atingiu 133,09 kg de ATR por tonelada de cana, variação positiva de 0,63% ante o mesmo período do ano passado. No acumulado da safra, o indicador marca 142,31 kg de ATR por tonelada, índice levemente superior (1,22%) ao do ciclo anterior na mesma posição.
ETANOL
Além da queda na moagem, a redução na produção de açúcar foi afetada pela menor proporção de cana direcionada à fabricação do adoçante na quinzena, o que por sua vez beneficia a fabricação de etanol, que viu uma queda menor nos volumes na quinzena (-35,16%), mas ainda acumula aumento de 4,5% no acumulado da safra, notadamente por conta do crescimento da fabricação do biocombustível de milho.
Apenas 43% da cana foi utilizada para a fabricação do adoçante na primeira quinzena de novembro, contra cerca de 50% no mesmo período do ano passado, enquanto a fatia do etanol aumentou para 57%.
No período, a fabricação de etanol pelas unidades do centro-sul atingiu 1,06 bilhão de litros, enquanto no acumulado do atual ciclo agrícola totalizou 29,92 bilhões de litros.
Na primeira quinzena de novembro, as vendas de etanol pelas unidades produtoras totalizaram 1,45 bilhão de litros, alta de 13,30% em relação ao mesmo período da safra 2023/2024, com o combustível mais competitivo do que a gasolina no Brasil. No acumulado desde o início da safra, os totais cresceram 14,36%, para 22,32 bilhões de litros, segundo a Unica.
Para a entidade, apesar da expectativa de menor moagem de cana, a oferta de etanol se mantém “robusta”, impulsionada por ganhos de eficiência, um mix mais alcooleiro, redução nas exportações e pelo crescimento contínuo da produção de etanol de milho.